ABCIC EM AÇÃO

No planejamento estratégico anterior, a tendência mostrava o avanço do pré-fabricado de concreto para dois mercados emergentes no Brasil: mercado de painéis e fachadas e o mercado de edifícios altos (multipavimentos) com pré-fabricados de concreto. No planejamento estratégico atual, a visão de mercado é ainda mais abrangente. Em vez de ser uma opção de sistema construtivo, as construções sustentáveis da próxima década serão feitas com pré-fabricados de concreto e com projeto 100% digital. Uma importante vantagem do projeto totalmente digital é o uso de avançadas ferramentas de simulação que reduzem os erros de concepção, de projeto, de montagem e de operação. Para ser sustentável, o primeiro passo da construção sustentável será evitar o desperdício de material decorrente da falta de planejamento na fase de concepção e projeto. 

A atual cultura da construção convencional, que convive com mudanças de última hora, acaba gerando esses custos de retrabalho com elevado impacto ambiental. O maior rigor no planejamento da construção, inclusive na fase de projeto, aumenta a sustentabilidade da construção. O segundo passo para a construção sustentável será a adoção generalizada dos pré-fabricados. A construção com concreto "in loco" gera uma quantidade enorme de resíduos. Existem estimativas brasileiras apontando a geração de uma camada de 10 cm de resíduos sólidos para cada metro quadrado construído com a construção convencional ("in loco"). 

Este é um custo ambiental inaceitável, pois efetua-se a emissão de carbono para materiais inúteis/desnecessários e que ainda geram transtornos para a destinação desses resíduos (e a falta de controle desse processo também explica o atual descarte em locais impróprios como em vias pluviais). A associação internacional do concreto (GCCA) estima que um terço das reduções da emissão de carbono até 2050 serão advindas do conjunto de redução de desperdícios com pré-fabricação e com melhor projeto. Isso equivale a neutralização de todo o crescimento da demanda de concreto no período de três décadas. Isso é muito significativo.

Poderia fazer uma comparação entre o novo planejamento estratégico e o anterior? 

Para o horizonte de 2016-2020, o planejamento estratégico anterior examinou em profundidade os ambientes internos e externos. Grande atenção foi dedicada às tendências tecnológicas e o entendimento dos "stakeholders" (ou grupos de relação). Em termos da cultura associativa, o processo de elaboração do planejamento estratégico foi um marco na construção de uma cultura participativa e com forte contribuição dos seus associados.

Para o horizonte 2023-2027, o conselho estratégico da Abcic entendeu que o planejamento estratégico anterior continuava válido, no entanto, as prioridades e os planos de ação necessitavam de revisão. Dessa forma, a revisão do planejamento dedicou grandes esforços nas discussões sobre as prioridades de desenvolvimento setorial e suas implicações.

Quais as principais diferenças entre eles? E quais os pontos em comum? 

A principal diferença entre os ciclos de planejamento está na maturidade associativa. A Abcic hoje é uma associação mais forte e mais influente. O comprometimento dos associados está mais visível. 

O principal ponto em comum é a forte atuação institucional da Abcic. A representatividade setorial foi e continua sendo o ponto forte da Abcic. E a força motriz de qualquer associação está na sua influência institucional. O setor está colhendo os frutos de se promover o desenvolvimento com base na qualidade setorial. A qualidade setorial promove a segurança das edificações para os clientes e induz a inovação para os fabricantes e fornecedores. A promoção da qualidade setorial vai além das normas, seja contribuindo para a elaboração das normas como fomentando a adoção de normas.