ABCIC EM AÇÃO
O Planejamento Estratégico 2023-2027 estabelece as diretrizes para pavimentar o desenvolvimento sustentável da pré-fabricação de concreto no Brasil com inovação e menor impacto ambiental. Possui quatro macroestratégias: valorização dos associados e da associação, a estruturação do setor para atender as demandas por edifícios altos, sustentabilidade e o desenvolvimento de um portal de serviços
Segundo informações da consultoria McKinsey, em 2017, a produção de cimento era responsável por 7% das emissões globais de CO2 e a indústria sozinha responde por cerca de um quarto de todas as emissões de CO2 do setor da construção. Também é o maior gerador de emissões por dólar de receita, com 6,9 k.g/CO2/$. Cerca de dois terços dessas emissões resultam da calcinação, reação química que ocorre quando matérias-primas como o calcário são expostas a altas temperaturas.
O relatório esclarece que pelas características de desempenho e a ampla disponibilidade de calcário, o cimento (e, portanto, o concreto) continuará sendo o material de construção preferido globalmente. Contudo, o aumento do uso do BIM e a construção modular podem reduzir o consumo de cimento, diminuindo efetivamente a demanda, apesar de um aumento geral na atividade de construção.
É importante avaliar que o estudo aponta ser possível até 2050 reduzir 75% das emissões do cimento. Mas será preciso, além de avanços operacionais que responderão por 20% dessa diminuição, o investimento em inovação tecnológica. Na avaliação dos especialistas da McKinsey, medidas de eficiência energética, por exemplo, já foram amplamente implementados pela indústria, enquanto o potencial de redução de emissões de combustíveis alternativos e substituição de clínquer é limitado pela diminuição da disponibilidade de insumos. Assim, serão necessárias abordagens mais inovadoras, como novas tecnologias e materiais de construção alternativos. Também, a sustentabilidade poderá ser o catalisador para que o setor busque novos modelos de negócios, parcerias e abordagens de construção.
Paulo Camillo Penna: “A agenda de carbono é o maior e mais importante compromisso com o meio ambiente já firmado pela indústria do cimento”
No Brasil, as ações promovidas pela indústria fizeram o país se tornar uma referência mundial entre as nações com a menor emissão de CO2 por tonelada de cimento produzida no mundo, sendo quase um terço da média mundial - ou 2,3% - segundo o último Inventário Nacional de Gases de Efeito Estufa, que capta dados até 2016. Estimativas mais recentes - embora não oficiais - já sinalizam, entretanto, uma participação de apenas 1,6% do cimento nas emissões totais brasileiras atuais.
Ao se falar da redução de gases de efeito estufa, existem três principais pilares que respondem pela maior parte da redução do setor, ao mesmo tempo em que representam as principais ações em termos de sustentabilidade ambiental: Adições (ou Matérias-Primas Alternativas); Combustíveis Alternativos; Eficiência Energética.
“A agenda de carbono é o maior e mais importante compromisso com o meio ambiente já firmado pela indústria do cimento. Após quase 20 anos da criação do que hoje é considerado o maior banco de dados de emissões de uma atividade industrial no mundo, a Global Cement and Concrete Association (GCCA) lançou, em 2021, o Roadmap Net Zero para acelerar a transição rumo a uma economia neutra em carbono. Foi o primeiro setor a firmar um compromisso de neutralidade climática, em escala global, dentro do programa Race to Zero da ONU. Como desdobramento desse programa global, o Brasil foi escolhido pela GCCA, junto a outros 4 países, para avançar na elaboração de um Roadmap Net Zero nacional. A ideia é partir do Roadmap Brasil, lançado em 2019 e que apontava meios para reduzir a emissão de CO2 na produção de cimento, e ampliar para o ciclo de vida do produto, incorporando o concreto e a construção”, afirmou Paulo Camillo Penna, presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).