ABCIC EM AÇÃO
O engenheiro e professor Marco Cárnio, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, trouxe uma avaliação sobre os concretos especiais: UHPC (Ultra-High Performance Concreto), do CRF (Concreto Reforçado com Fibras) e do concreto armado com barras não metálicas – FRP.
Sua apresentação foi iniciada com o UHPC, que possui resistência à compressão entre 150 MPa e 250 Mpa, e resistência a tração maior que 6 Mpa, e cuja densidade do concreto deve estar entre 2300 kg/m³ e 2800 kg/m³. Ele mencionou diversos projetos feitos com o UHPC no mundo, como o Museu em Marselha, na França, que foi construído com o pré-fabricado de concreto, e versou sobre a Prática Recomendada “Estruturas de Concreto de Ultra Alto Desempenho”, lançado pelo Comitê Técnico 303 – IBRACON e ABECE.
“Fico extremamente feliz em ver muitos profissionais trabalhando com os concretos não convencionais, e pesquisadores de diversas universidades de Norte a Sul do Brasil desenvolvendo projetos e pesquisas sobre o assunto. Isso posiciona o Brasil em um cenário mundial. Há muita coisa para acontecer”, afirmou Cárnio, que reforçou ainda a importância dos trabalhos realizados dentro das comissões de norma, a fim de dar um aparato normativo para uma maior aplicação das tecnologias do concreto, como o UHPC.
Sobre o Concreto Reforçado com Fibras, o professor disse que o reforço com fibras é uma alternativa para a baixa resistência à tração do concreto em seu estado endurecido. “Estou reforçando o concreto para que possa dar conta da resposta à tração quando está no elemento estrutural. Essa é a estratégia”, explicou.
O comportamento mecânico do CRF após a ruptura da matriz é alterado, melhorando consideravelmente a capacidade de absorção de energia do concreto endurecido, diminuindo o nível de fragilidade do material. Isso ocorre porque as fibras criam pontes de transferência de tensões através das fissuras.
Durante sua apresentação, Carnio elencou os tipos de fibras que podem ser utilizados para reforçar o concreto, como as fibras de aço, que foram as primeiras a aparecer no mercado, as fibras poliméricas e as fibras cerâmicas, e comentou sobre a importância da estabilidade no meio alcalino, alertando que algumas dessas fibras, podem se degradar neste tipo de ambiente.
Professor Marco Cárnio, da PUC-Campinas: “Não existe uma solução única em concreto, pois cada tecnologia tem suas características e benefícios.”
Com as fibras, é possível atingir resistências mais altas, atendendo às exigências da pré-fabricação de concreto”, avaliou Cárnio, que acrescentou que é possível alcançar uma resistência de 150 Mpa, sendo um estágio para chegar ao UHPC. Ponderou ainda sobre o cuidado da seleção das fibras que serão utilizadas para reforço do concreto, pois existem diversos tipos e qualidade de fibras.
Na sequência, ele tratou sobre o concreto armado com barras não metálicas – FRP, que são compostas por fibras longas embebidas em resina polimérica. As resinas termofixas, como a epóxi, fenólica e éster vinifica, são as mais usadas para o processo de fabricação das barras, enquanto vidro, basalto, aramida e carbono estão entre as fibras mais usadas. Suas propriedades variam de acordo com a fração volumétrica de fibras utilizadas e com a condição ambiente.
“O FRP tem várias vantagens sobre os materiais de construção tradicionais, incluindo seu peso específico relativamente baixo e sua elevada resistência à corrosão. Combinadas, essas características resultam em redução de custos associados em transporte, montagem e manutenção”, disse Cárnio, que citou outras vantagens: elevada relação resistência-peso, baixa condutividade térmica, transparência eletromagnética, baixo impacto ambiental e versatilidade com relação à geometria e às propriedades mecânicas.