INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

O potencial do desenvolvimento da indústria de aditivos sendo utilizado a favor do aumento da produtividade na indústria do pré-fabricado.

Desse modo, a criação de novas moléculas levou ao desenvolvimento de nova classe de concreto fluido. O Concreto de Fluidez Controlada (CFC), lançado a partir de uma nova molécula - um tipo de policarboxilato que controla as propriedades reológicas do concreto - possibilita que o concreto convencional seja levado a concreto fluido sem apresentar segregação. Este novo concreto utiliza desenhos de mistura (traços) convencionais, com menor teor de finos quando comparado ao concreto de autocompactante, e permite o uso de agregados maiores, reduzindo ainda mais os custos com materiais. 
Além da questão ambiental, os aditivos contribuem também na melhoria do acabamento das estruturas pré-fabricadas de concreto, além de reduzir custos, tempo de elaboração do concreto, melhorar as características do cimento, também atuam minimizando algumas deficiências dos agregados, focando na ação antibolhas dos lubrificantes de agregados e controle das propriedades reológicas. 

Fábrica
O desenvolvimento tecnológico da pré-fabricação em concreto também passa pela estrutura das fábricas brasileiras. A indústria do Vale do Itajaí tem apostado em um planejamento baseado na manufatura enxuta combinado a ferramentas tecnológicas para manter a excelência das operações e elevar a geração de valor. Com isso, optou pela adoção dos conceitos de Lean Manufacturing, que é uma metodologia que se associa muito bem com as inovações tecnológicas da Indústria 4.0, melhorando processos e aumentando a produtividade da fábrica através da redução de desperdícios.
O foco do Lean está no chão de fábrica e isso inclui as pessoas. Os colaboradores são essenciais para o sucesso do projeto e a empresa tem executado os planos de ação de maneira colaborativa. Por isso, elaborou o mapa do fluxo de valor e analisou os processos produtivos, identificando desperdícios que pudessem ser eliminados e oportunidades de melhorias. 

A indústria de equipamentos se atualiza de forma permanente na automação e soluções com emprego de alta tecnologia para as plantas de concreto pré-fabricado

Como resultado, promoveu uma redução de 30% do tempo de fabricação de algumas peças. Outro resultado importante observado foi a redução de estoques, um dos gargalos do segmento de pré-fabricados de concreto. As quantidades de matérias-primas foram equilibradas gerando reduções de 37%. 
Além da inclusão de metodologias de produção, os fornecedores de sistemas para a indústria de pré-fabricados de concreto também vêm investindo em desenvolvimento ou aperfeiçoamento de produtos, com o objetivo de melhorar ainda mais a produtividade e o grau de automação das fábricas. Um exemplo são os distribuidores de concreto com melhor funcionamento automático com descarga rápida, mais resistentes e maior precisão de dosagem. A manutenção fácil é garantida pelo sistema integrado de Manutenção Preditiva conforme padrão industrial 4.0. 
No caso das fôrmas, o mercado vem trabalhando com formas, completamente automatizadas e semi-automatizadas. Como resultado, há um aumento significativo na qualidade de produção, elevando nível de satisfação do cliente final, e um salto significativo na velocidade de produção, onde foi possível identificar uma redução no número de pessoas destas linhas de trabalho, ou seja proporcionando um ganho de produtividade e elevando o nível de qualidade com baixo custo operacional.  
Nesse sentido, a construção do Estaleiro Enseada Paraguaçu, na Bahia, contou com desenvolvimento de uma fôrma diferenciada. A indústria do Ceará precisou pré-fabricar pilares treliçados e vigas treliçadas de concreto, com pós-tensão (vigas), grandes comprimentos e elevada precisão dimensional, além de desenvolver soluções para aumentar a estabilidade e tornar mais leves as vigas de ponte rolante submetidas a grandes cargas dinâmicas.
A fôrma leve, estruturalmente rígida, foi capaz de ser desmontada e montada em poucos minutos. As peças eram produzidas em partes, possibilitando o transporte até o local da construção. A solução foi testada, utilizando um concreto com elevada trabalhabilidade, mas não autoadensável. Além disso, a indústria precisou desenvolver o projeto das vigas de pontes rolantes, de forma que fosse possível assegurar a rigidez estrutural, esbeltez e precisão nas montagens eletromecânicas.
Em termos de aplicação de máquinas digitais na produção, o professor Vanderley John avalia que seu uso é ainda complexo e pouco desenvolvido. “No Brasil, há alguma experiencia na produção digital de elementos e detalhes customizados de formas especiais com CNC (Router) com excelentes resultados. A impressão 3D de formas em polímeros já é comercial na Europa e deve chegar no mercado em breve, limitada a peças especiais de alto valor agregado. Existe muito interesse e vários investimentos em produção 3D de peças de concreto, sem formas. Porém, isso vai levar um bom tempo para a tecnologia amadurecer e ficar competitiva”, explica. “Antes, é preciso resolver as armaduras, por exemplo. Acredito que a produção de elementos onde alguma propriedade do concreto varia de acordo com a necessidade, produzido com suporte de formas, escala antes porque é mais simples e ter mais potencial de retorno financeiro. E não será na produção em canteiro, mas no pré-fabricado que ganhará enorme impulso de mercado”, acrescenta.