DE OLHO NO SETOR
O Seminário da Abcic aconteceu no dia 20 de agosto, das 14h às 18h, reunindo mais de 200 participantes, que acompanharam as palestras ministradas por profissionais do Brasil e do exterior.
A engenheira Íria Doniak, presidente-executiva da Abcic, comentou, na abertura do Seminário, que inovação, tecnologia e sustentabilidade no setor foram escolhidos como tema, por serem prioridades e estarem presentes no dia a dia do ecossistema produtivo. Mencionou a presença do arquiteto Sidonio Porto, pioneiro ao aliar a arquitetura à pré-fabricação de concreto, atuando, influenciando e estimulando o desenvolvimento da industrialização do concreto desde os anos 60. “Se hoje a industrialização está em uma posição de vanguarda, é porque pioneiros, como Sidonio, atuaram de forma brilhante em prol do setor”, ressaltou.

Celebrando o protagonismo da pré-fabricação de concreto no Concrete Show, Felipe Cassol, presidente do Conselho Estratégico da Abcic, contou que, pela primeira vez, houve uma reunião do Conselho Estratégico na feira. “Esses encontros promovem debates produtivos sobre como nós, da Abcic, podemos ajudar mais na construção industrializada neste momento em que o setor virou realidade, com um futuro promissor”, disse.
De acordo com Cassol, não existe sustentabilidade sem tecnologia e inovação, e o país precisa de engenheiros civis preparados para planejar. Seu papel é fundamental, transformando ideias em obras viáveis, seguras e sustentáveis. “Industrializar é pensar desde o início, em cada etapa do projeto. A Inteligência Artificial (IA) pode nos apoiar no detalhamento e nas análises, mas jamais substituirá a responsabilidade do engenheiro”, acrescentou.
O setor da construção possui um impacto significativo no consumo de recursos e nas emissões de CO2. Por isso, na avaliação de Bruno Dias, conselheiro da Abcic e coordenador do GT Sustentabilidade, discutir o futuro do concreto, a inovação e a sustentabilidade não é mais uma escolha, e sim uma necessidade. “Temos o potencial de ser protagonistas desta grande mudança”, pontuou.

Para Dias, o concreto simboliza permanência e solidez e a pré-fabricação de concreto possui processos mais organizados, menos desperdício e maior controle de recursos naturais, energia e matérias-primas. “Como estamos falando de sustentabilidade, é preciso pensar em seus três pilares: econômico, social e ambiental, pois não podemos esquecer que, para termos empresas sustentáveis que gerem resultados, é preciso considerar todas as suas dimensões”, ponderou. “Industrializar a construção é inovar: construir com mais tecnologia, oferecer soluções que atendam a diversos aspectos, como qualidade, agilidade, menor impacto ambiental, mão de obra qualificada e integrar novas tecnologias, como o arcabouço de ferramentas derivadas da digitalização.
Por fim, falou sobre as novas gerações estarem alinhadas à descarbonização, inovação e tecnologia e que a sustentabilidade não pode ser vista como um custo, mas um investimento em competitividade, inovação e legado, por isso é fundamental o envolvimento de toda a cadeia de valor.

Integração entre a arquitetura e a pré-fabricação em concreto
A primeira palestra, com o tema “Arquitetura, inovação e sustentabilidade: Uma visão através a industrialização, com ênfase na pré-fabricação em concreto”, foi ministrada pelo arquiteto Márcio Porto, diretor da Sidonio Porto Arquitetos Associados, que trouxe importantes projetos realizados pelo escritório com a aplicação do sistema construtivo, incluindo a fábrica da Velnac, que foi desenhada para ser industrializada, o Conjunto Banco Nacional e os terminais de transporte da Viação Itapemirim.
Alguns edifícios altos também foram projetados pelo escritório com o uso de elementos pré-fabricados de concreto, como a sede da CBPO, que contou com fachadas pré-moldadas de concreto, sendo o primeiro edifício no país a adotar esse tipo de fachada. Segundo Porto, esses projetos têm em comum a integração entre o sistema construtivo e a arquitetura, o que simboliza sofisticação e desenvolvimento.
O Complexo Sede da Petrobras, em Macaé, no Rio de Janeiro, utilizou vigas, pilares, lajes e painéis de fachada, todos em pré-moldado de concreto. “O objetivo era congregar as pessoas dentro do seu ecossistema, para criar sinergia”, afirmou Porto. “A racionalidade do canteiro é marcante no pré-moldado, assim como as peças, que foram desenhadas para integrar a arquitetura. A velocidade da obra, a adequação do edifício de forma desejada, a coordenação modular de vãos e pilares e a compatibilização de projetos expressam a pré-fabricação, a arquitetura vem e veste a estrutura e a obra se expressa pela arquitetura. O sistema construtivo está lá dentro e a obra fica mais marcante”, explicou.