Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 36 - dezembro de 2025

DE OLHO NO SETOR

Concrete Show 2025 aponta protagonismo do pré-fabricado de concreto: industrialização, inovação e sustentabilidade

Sinergia entre construção industrializada e sustentabilidade
Logo após, Anne Elize Puppi Stanislawczuk, coordenadora de Projetos Especiais da Abcic, abordou o assunto “Perspectiva Ambiental e a Industrialização em Concreto, o estágio atual das ações em implementação pela indústria de estruturas, fachadas e fundações de concreto pré-fabricado no Brasil”, fazendo uma reflexão sobre como a sustentabilidade representa uma verdadeira jornada para a indústria da construção civil e para todos os cidadãos.

Anne Elize Puppi Stanislawczuk: “As DAPs surgiram no meio acadêmico e vêm ganhando espaço mundialmente, com destaque para a Suécia, país com o maior volume de DAPs do mundo.”

As metas de redução de emissões de gases de efeito estufa são ambiciosas. O Brasil busca atingir a neutralidade de carbono até 2050 e reduzir o consumo entre 37% e 67%, dependendo do cenário, embora ainda haja dificuldades para avançar nessas metas. A construção civil responde por cerca de 40% das emissões globais, enquanto os edifícios respondem por 39% das emissões ligadas à energia. O cimento é responsável por cerca de 5% das emissões globais. A produção de um quilo de clínquer gera um quilo de CO₂. Em edifícios de alvenaria convencional, há cerca de 405 kg CO₂e por m²; já em edifícios de aço/concreto, em média, há 366 kg CO₂e por m².
Para enfrentar esses desafios, Anne avaliou que a construção industrializada e a padronização são alternativas importantes para promover a sustentabilidade. Os benefícios incluem a possibilidade de economia circular por meio do reaproveitamento de recursos de outras indústrias, aprimorada eficiência no consumo de recursos naturais, e a substituição de parte do cimento por materiais pozolânicos para reduzir emissões e prolongar a vida útil das estruturas. No Brasil, a logística ainda representa um grande gargalo, exigindo transporte e montagem de obras otimizados.
No tripé social, a indústria consegue oferecer melhores condições de trabalho e gerar empregos qualificados, facilitando a atração de profissionais. Em termos econômicos, há um melhor retorno sobre o investimento ao longo do ciclo de vida, aumento da produtividade, entrega mais rápida das obras e redução de custos por meio de eficiência. 
“Atualmente, ferramentas tecnológicas são cada vez mais utilizadas para potencializar os resultados em termos de sustentabilidade. A famosa equação “impacto = população x recursos x tecnologia” reforça seu papel crescente no setor”, ponderou Anne, que ressaltou que a indústria tem trabalhado a integração dos projetos, com o uso do BIM, buscando uma logística otimizada, capacitação profissional, economia circular, produção lean e digitalização com recursos da Inteligência Artificial (IA).
Em sua apresentação, Anne trouxe ainda uma comparação entre uma obra em pré-fabricado de concreto e em sistema convencional. “O edifício pré-fabricado gerou 80% menos resíduos, reduziu o tempo de obra pela metade e obteve maior eficiência energética. Mas, para avançar, é fundamental utilizar as Declarações Ambientais de Produto (DAPs), que formalizam documentos que analisam os impactos ambientais de produtos ou processos”, explicou.
Segundo Anne, as DAPs surgiram no meio acadêmico e vêm ganhando espaço mundialmente, com destaque para a Suécia, país com o maior volume de DAPs do mundo. No Brasil, a Fundação Vanzolini mantém cerca de 80 DAPs ativas, dos quais 85% são voltados à construção civil. Neste sentido, a Abcic está desenvolvendo as DAPs do setor de pré-fabricados no país, que devem ser lançadas no próximo ano. 
“Com interface com a Fundação Vanzolini, as DAPs de nosso setor têm o objetivo de estabelecer um benchmark e traçar as metas de descarbonização, visando 2030 e 2050. Precisamos posicionar nossa indústria, pois é responsabilidade de todos os setores contribuir para que o país alcance as metas nacionais estabelecidas”, enfatizou Íria Doniak. 
Anne tratou ainda de iniciativas nacionais relevantes, como o CECarbon e o SIDAC, e falou um pouco sobre a taxonomia sustentável brasileira, que classifica atividades consideradas sustentáveis no país, mobilizando investimentos públicos e privados para fomentar a sustentabilidade e a transição climática. Também mencionou os próximos passos, como a implementação da Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) e a produção de DAPs no setor. 

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