DE OLHO NO SETOR

A programação da tarde foi iniciada com o engenheiro espanhol, Alejandro López Vidal, diretor técnico da Associação Nacional da Indústria de Pré-Moldados de Concreto (ANDECE), que proferiu apresentação sobre “Aspectos práticos da implementação das declarações ambientais de produto para o pré-fabricado de concreto na Espanha”, discorrendo sobre o contexto europeu para as mitigações de emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa), a normalização no continente e o crescimento das Declarações Ambientais de Produto (DAP), após a resolução de 2011 do Parlamento Europeu que estabelece o uso das DAPs, quando estiverem disponíveis para a avaliação do uso sustentável dos recursos e impactos ambientais em obras de construção. 

Ele explicou o processo de elaboração das DAPs para a pré-fabricação de concreto na Espanha, e salientou questões como a influência do cimento no impacto ambiental das estruturas. “De 10% a 15% dos elementos são cimento, mas para obter o impacto ambiental é preciso multiplicar por 5 ou 6 vezes aproximadamente”, pontuou. Sobre os agregados, informou que 75% a 90% dos elementos são agregados, e, caso uma parte desses agregados fosse substituído em sua maioria por resíduos de construção e demolição (RCD) ou outras fontes, poderia haver uma redução no envio de resíduos a aterros sanitários e na extração de agregados de pedreiras naturais. 

Como exemplo, Vidal trouxe um caso de um edifício, que aplicou a industrialização em concreto e obteve um alto nível de circularidade, com 89% dos materiais instalados podendo ser reutilizados. São cerca de 8.400 toneladas a serem recicladas no futuro e aproximadamente 11.700 toneladas de terra escavada reutilizada na obra. 

Outros pontos tratados por ele foram a otimização ambiental na execução da obra, a recarbonatação do concreto, e as ações realizadas pela ANDECE, como a ferramenta de cálculo, os cursos ministrados, os documentos técnicos publicados. Analisou ainda o que são produtos sustentáveis e os mitos da construção sustentável. 

Vidal evidenciou como a pré-fabricação de concreto atende o tripé da sustentabilidade, por diversos aspectos, principalmente pela durabilidade, ao expressar que do lado ambiental, soluções eficazes a longo prazo envolvem preservação de recursos naturais, redução de impactos, economia de energia, melhoria potencial de extração de recursos disponível; do lado social, uma construção com vida útil maior resulta em menos perturbações aos cidadãos; e do lado econômico, a manutenção é reduzida, implicando em menos custos, enquanto os valores iniciais são amortizados ao longo de um período de tempo mais longo. “Um material ou sistema de construção não importa o quão baixa é a carga ambiental acumulada que possui, se não for durável não deve ser considerado sustentável”.

O painel com casos reais de soluções sustentáveis no setor contou com a participação dos engenheiros Felipe Camargo, gerente Industrial da Leonardi Construção Industrializada, e de Luis André Tomazoni, diretor de Operações da Cassol Pré-Fabricados, e diretor Técnico da Abcic. 

Camargo comentou sobre três projetos com uso de concretos de alto desempenho: o Dynamic Faria Lima, vencedor da categoria Edificações do Prêmio Obra do Ano em 2021, do projeto Sirius, que foi incluído na matéria de capa da edição 19 da Revista Industrializar em Concreto, e o Hotel Terroà Americana-SP, com 14 pavimentos, composto por 26 pilares (146 m³ de concreto com 110 Mpa), e 36 pilares parede, (136 m³ de concreto com 100 Mpa). Foram realizados estudos da forma, do traço, do saque e transporte. Para atender requisitos de competitividade da obra, houve a redução de 40% da seção dos pilares.