ACONTECE NO MUNDO

O ano de 2025 foi marcado por atuação intensa no contexto internacional, principalmente, pelo fato de eu estar exercendo a presidência da fib - The International Federation for Structural Concrete, com o inestimável apoio da nossa entidade, a Abcic, e de toda a comunidade técnica da engenharia nacional relacionada ao concreto estrutural, destacando em especial as entidades, que compõem conosco o grupo nacional brasileiro - Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE) e Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON).
Na edição anterior, discorri sobre a viagem à China por ocasião do 20º aniversário da Asian Concrete Federation (ACF) e, também, sobre as ações com a Universidade de Tongji, uma experiência ímpar que nos permitiu avaliar muitas tendências futuras na engenharia do concreto.
O segundo semestre foi marcado, no contexto fib, por dois temas de grande relevância: as estruturas existentes e, de forma indireta, o “Conceptual Design”. Fui convidada para ministrar uma das palestras da seção de abertura do CONPAT 2025 - XVIII Congreso Latinoamericano de Patología de la Construcción y XX Congreso de Control de Calidad en la Construcción, realizado em Madri no mês de setembro, num local muito especial, o Instituto Eduardo Torroja de Construção e Tecnologia.
Neste local, em 2019, foi realizado o primeiro simpósio de “Conceptual Design” da fib, cuja 4ª edição foi promovida, neste ano, em maio, no Rio de Janeiro, em conjunto com o CBPE – Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas.
Agora, com o tema mais maduro após quatro edições do Simpósio, estar novamente no Instituto foi, ao mesmo tempo, um momento inspirador e muito reflexivo. E, por causa das reuniões que envolviam temas da fib, estive no gabinete de Eduardo Torroja e tive a oportunidade de assistir à palestra de Pepa Cassinello, que escreveu o livro sobre Torroja, “The Man and His Legacy”.
Retornei ao Brasil com quatro livros sobre o grande mestre, um deles, escrito por ele, que todos os engenheiros que trabalham com estruturas deveriam ler: “Razón y Ser de los tipos estructurales”, publicado em 1957. Talvez possa vir em mente um compêndio de uso das estruturas e de pesquisas técnico-científicas, mas, na verdade, é algo raro; trata-se das reflexões dele mesmo ao conceber e criar o projeto de uma nova estrutura.

Não tenho espaço para entrar em detalhes de alguns contextos que gostaria, mas a dedicatória já é profunda: “Cada material tem uma personalidade específica e distinta e cada forma impõe um fenômeno tensional diferente. A solução natural de um problema — arte sem artifício —, ótima diante do conjunto de situações prévias impostas que a originaram, impressiona com sua mensagem, satisfazendo, ao mesmo tempo, as exigências do técnico e do artista. O nascimento de um conjunto estrutural, resultado de um processo criador, fusão de técnica com arte, de engenho, de estudo, de imaginação e sensibilidade, escapa do puro domínio da lógica para entrar nas fronteiras secretas da inspiração. Antes e, por cima de tudo, o cálculo está a ideia, moldadora do material em forma resistente para cumprir a sua missão.”
E a esta ideia o livro é dedicado, ao longo de mais de 300 páginas, apresentando uma visão extraordinária de um engenheiro excepcional que deixou um legado marcante. Posso dizer que, ao escrever, ainda consigo sentir a atmosfera que me envolveu durante aqueles dias e as reflexões que permanecem em minha mente.
Vivenciamos um tempo de grandes transformações no mundo, na engenharia, nas estruturas, na forma de construir, novos materiais, novas tecnologias, a digitalização, novos desafios, como as alterações climáticas e neutralidade de carbono, e todos os princípios postulados por Torroja seguem ainda mais vivos.