INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
Preparada para superar desafios técnicos, tecnológicos, arquitetônicos, logísticos, estruturais e de montagem, a construção industrializada de concreto no Brasil tem realizado projetos em diferentes áreas de negócios, agregando benefícios de ordem econômica, social e ambiental para construtoras, clientes e usuários dos múltiplos empreendimentos
Aplicação de cunho social
A construção modular também tem sido aplicada em áreas cujo o cunho social é importante, como o segmento prisional. O presídio federal de Itaquitinga, localizado na Zona da Mata de Pernambuco, conta com uma área de 11.000 m² e possui cinco grandes blocos – dois do regime semiaberto e três do fechado -, construídos dentro de um novo conceito de sistema prisional, seguindo o exemplo de países da Europa e dos Estados Unidos, em que os presos trabalham e recebem educação. O projeto, inclusive, foi premiado pela publicação inglesa “Infrastructure 100”, que o incluiu na lista dos cem mais interessantes em andamento em 2010, no mundo.
Um dos principais desafios enfrentados pela T&A foi desenvolver todo o projeto e construir a obra em um prazo ousado, com início em julho de 2010 e término em janeiro de 2012. As peças pré-fabricadas de concreto maciças, de elevada resistência foram produzidas em fábrica a cerca de 40 km do empreendimento. “Na época, investimos cerca de R$ 2 milhões somente na aquisição de três conjuntos de formas-bateria para a produção dos painéis, com capacidade de fabricar 40 peças ao dia, e na implantação de novas linha de produção e central de concreto. Tudo isso para viabilizar a construção no prazo definido”, conta Vitor Almeida, diretor da T&A.
Planejada de forma estratégica, a estrutura precisava atender às exigências de segurança do presídio, construído para ser uma das melhores e mais seguras prisões do Brasil, com capacidade para receber 3.126 internos. Segundo Almeida, foram usados painéis pré-fabricados de concreto de 15 cm de espessura nas paredes internas e de 20 cm nas externas, com concreto de 40 MPa. Em alguns prédios, também foram colocadas chapas de aço no piso, a fim de evitar que os internos cavem túneis para fuga.
Para a obra, foi usado ainda o sistema BOC de “forma trepante” para a produção das lajes maciças de concreto, a fim de agilizar o processo de fabricação, uma vez que as lajes produzidas serviram de forma para a fabricação de outras. Em média, foram produzidas 30 lajes por dia para atender o cronograma.
Uma peculiaridade do projeto foi a instalação diferenciada do sistema hidráulico. “A norma técnica não permite que as instalações hidráulicas sejam embutidas dentro dos painéis de concreto, local onde ficam somente as elétricas. Por isso, algumas paredes do presídio foram projetadas com blocos de concreto”, disse Almeida. Toda a preparação para as instalações elétricas e para as esquadrias dos painéis foram feitas em fábrica, por uma empresa terceirizada, exigindo uma coordenação assertiva da T&A no parque fabril.
A estrutura do presídio federal de Itaquitinga, localizado na Zona da Mata de Pernambuco, precisava atender às exigências de segurança, para ser uma das melhores e mais seguras prisões do Brasil
A logística também exigiu um planejamento e transporte especiais. Os painéis foram, em geral, levados na mesma posição em que eram montados no canteiro de obras: verticalmente, devido a forma como esses elementos foram concebidos. Foi preciso contratar carretas com pranchas rebaixadas, da empresa de transportes especiais Trana/Saraiva, para a movimentação das estruturas da fábrica até o canteiro de obras.
Assim como no transporte e montagem, a fabricação e o manuseio dos painéis foram feitos na posição vertical, caso contrário, poderiam apresentar deformações excessivas, fissuras ou até mesmo ter rompimentos. “Esse pequeno detalhe reduziu o consumo do aço em torno de 40% na fabricação dos painéis”, pontuou Almeida.
A questão da produtividade também esteve em evidência nesse projeto, por isso, os elementos pré-fabricados também foram transportados em kits. Com isso, a estrutura de cada módulo foi montada assim que era descarregada da carreta. Como o número de peças era muito grande, a adoção dessa medida evitou perda de tempo e retrabalho, com o deslocamento dos guindastes, além do fato de utilizar menos espaço no canteiro de obras.