INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
A estrutura fora concebida com um total de 2.729 elementos pré-fabricados, mas ao longo da evolução dos projetos executivos e envolvimento dos projetistas das instalações, surgiram necessidades não previstas inicialmente, gerando a criação de diversos shafts nos pavimentos e aberturas nos painéis de fechamento. Estas alterações, somadas à inclusão de contenções no nível térreo, adicionaram cerca de 1.190 peças à estrutura, saltando para 3.919 peças, um incremento de 44% em relação à previsão inicial.
“Caso mantivéssemos as considerações previstas para a montagem da estrutura – 2 equipes, trabalhando das 7 às 20hs, de segunda à sábado, o prazo de montagem seria extrapolado em aproximadamente 2 meses. Entretanto, o cliente tinha assinado recentemente um contrato milionário com uma grande empresa de tecnologia e este aumento de prazo poderia acarretar o rompimento do contrato. Frente à esta situação tivemos que montar um plano de ataque sem precedentes: trabalhamos durante 3 meses com 7 equipes de montagem, sendo 4 no período diurno e 3 no noturno, além de 4 equipes de capeamento, durante 24 horas por dia e 7 dias por semana”, descreve Wilson Claro, diretor de Vendas da Leonardi, que menciona o fato de ter quadruplicado a equipe de engenheiros e técnicos de segurança do trabalho, de forma a garantir a execução de toda operação, sem acidentes. Houve ainda a mobilização da fábrica, para conseguir produzir todas as peças sem causar descontinuidades no fluxo de montagem.
Outro desafio estava relacionado a demanda do cliente em não se ter fechamento em alvenaria devido à problemas anteriores. Para os fechamentos internos foram utilizadas soluções como o Light Steel Framing. Dessa forma, a Leonardi desenvolveu um elemento estrutural único que constituísse a caixa dos 2 elevadores sociais, sem que houvesse a necessidade de nenhum outro trabalho após a montagem da estrutura. “Desenvolvemos o elemento em “C”, com dimensões em planta de 2,44x2,46m, que foram segmentados com alturas variando de 3,56 a 5,81m, com sistema de emendas ao longo de todas as suas paredes”, informou Claro.
As interfaces entre a estrutura e as instalações também foram um desafio, conforme a explicação de Claro: “a finalidade do edifício é acomodar de forma adequada e segura todos os equipamentos do Data Center, que atendem demandas de milhares de pessoas, portanto a acomodação dos equipamentos e suas instalações sempre tiveram total prioridade nas definições de projeto”. Neste contexto, a indústria customizou muitos elementos estruturais e suas ligações, para atender todas as demandas apresentadas pelas instaladoras.
Os principais projetos do empreendimento foram concebidos em BIM. Esta ação foi fundamental para garantir segurança no processo de compatibilização das disciplinas, especialmente entre a estrutura e as complexas instalações do edifício. Em função da altura total do edifício e das elevadas sobrecargas sobre as lajes, a Estabilidade Global foi viabilizada com o uso de vigas-parede no entorno da obra, especialmente no 1º e 2º pavimentos, chegando à 4,35m de altura, ligadas aos pilares por meio de armaduras negativas e solda no apoio das mesmas aos consolos, de forma a absorver tanto os momentos negativos quanto os momentos positivos que a estrutura estará submetida ao longo de sua vida.
Para Claro, a velocidade de expansão do setor de Data Centers, com estimativa de cerca de 12 mil empreendimentos deste porte no mundo, sem a utilização de sistemas construtivos industrializados, em especial a pré-fabricação em concreto, seria impossível atender a demanda do mercado.
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