DE OLHO NO SETOR
Elaborado pelo Departamento da Indústria da Construção e Mineração (Deconcic), estudo traz análises relativas a questões contemporâneas de relevância para a construção, como a reforma tributária, o déficit habitacional e de saneamento, e a construção industrializada como indutor de produtividade e sustentabilidade
Neste contexto, o caderno técnico reforça que os sistemas construtivos industrializados são subutilizados devido à tributação mais elevada a que está submetida, quando comparada com os métodos mais tradicionais. “O texto da reforma tributária acaba com essa diferenciação, dando isonomia às duas modalidades de construção. Com isso, a construção industrializada, até o momento menos comum no país (segundo sondagem da Fundação Getulio Vargas (FGV), em 2023 apenas 34,6% das empresas a utilizam, e em baixo grau), se torna mais atrativa.”
O documento ainda pontua a industrialização “como verdadeira alavanca para o aumento de produtividade do setor”, e elenca seus benefícios, ao permitir “uma aceleração significativa das obras, com potencial de redução de custos pelos ganhos advindos de especialização e fabricação de alto volume. Além de ser mais eficiente e eficaz, o processo industrial é também mais limpo, produzindo menos resíduos e auxiliando o setor a se tornar mais ambientalmente sustentável.”
Adicionalmente, o estudo técnico faz um exame do cenário macroeconômico atual e esperado para o futuro. Para isso, são utilizados indicadores econômicos como o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), visando expor possíveis mudanças na dinâmica da economia, com destaque para o patamar atual das taxas de juros.
A íntegra do documento de 114 páginas pode ser acessada em https://www.fiesp.com.br/file-20231031140905-120-rdif-construbusiness-2023r03ebook-low/.
Destaques do 15º ConstruBusiness
A 15ª edição do ConstruBusiness reuniu lideranças setoriais, autoridades e especialistas para tratar de assuntos fundamentais para o setor, como Reforma Tributária, déficit habitacional e investimentos público e privado na infraestrutura.
Para o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, o setor é um dos mais relevantes da economia nacional. “Tem capacidade de gerar empregos, não depende de nenhum produto importado, e tem profissionais capacitados”, diz ele, lembrando que a indústria da construção civil tem competência para reduzir o déficit habitacional no Brasil que está entre 5 e 7 milhões de unidades, mas isso implica, segundo ele, redução de impostos, desburocratização e a necessária consonância entre os investimentos público e privado na infraestrutura.
Sobre o déficit em infraestrutura, Silva afirmou que o capital nesta área já atingiu mais de 50% do Produto Interno Bruto, contudo, atualmente, caiu para 35%, com investimentos de cerca de R$ 130 bilhões. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Base (ABIDIB) demostram que o Brasil deveria investir R$ 350 bilhões por ano, durante os próximos 10 anos, para levar o estoque de capital de infraestrutura ao patamar do passado.
Na indústria de transformação, os investimentos também estão abaixo do necessário. Na década de 2000, a indústria de transformação recebia 20,9% do total investido no país, enquanto em 2021 a participação chegou a 12,9%. “Temos investido cerca de R$ 260 bilhões ao ano e deveríamos investir cerca de R$ 450 bilhões ao ano para voltarmos a ter a produtividade que já tivemos em relação à indústria de transformação norte-americana”, disse o presidente da Fiesp.
A burocracia é um entrave importante. Pesquisa feita pela Deloitte concluiu que as disfunções burocráticas podem encarecer em R$ 59,1 bilhões os investimentos programados para serem realizados de 2023 a 2025. “A modernização do Estado brasileiro, nos três níveis da Federação, com redução da burocracia, poderá agilizar os investimentos”, afirmou o presidente do Conselho Superior da Indústria de Construção (Consic) da Fiesp, Eduardo Capobianco, que ainda teceu comentários sobre a Reforma Tributária.