DE OLHO NO SETOR 3
“O futuro reserva muitas coisas. Temos visto no exterior, o uso de impressão 3D de peças com pós-tensão. A industrialização para construção de edifícios já está traçada em âmbito internacional e o futuro está sendo desenhado, com o uso de tecnologia, disrupção e digitalização”, ponderou Íria.
Na sequência, João Carlos Leonardi, vice-presidente do Conselho Estratégico da Abcic e coordenador do Grupo de Trabalho sobre Edifícios Altos, iniciou sua palestra, comentando sobre a Missão Técnica, em 2008, na Bélgica. “Tivemos uma aula com o professor Van Acker dentro do canteiro de obras sobre as obras icônicas que eles estavam construindo. Fomos para a fábrica para conhecer como funcionava a produção de estruturas pré-fabricadas de concreto e vimos que não havia nada diferente das indústrias brasileiras”, avaliou.
Segundo Leonardi, os edifícios com pré-fabricados de concreto são realidade em diversos estados brasileiros, como São Paulo e Santa Catarina, que tem no DNA a industrialização e é o estado que mais utiliza as estruturas industrializadas de concreto. No Paraná, seis prédios foram construídos em Toledo, pequena cidade do interior, e em Cascavel, está o projeto da Ecoparque, com uma fábrica em carrossel para construção de apartamentos, com a arquitetura concebida considerando o sistema construtivo. “É uma mudança de paradigma, com a industrialização trabalhando de imediato na concepção do projeto, o que aumenta a responsabilidade e a importância dos engenheiros”, analisou.
Os exemplos de edifícios acima de 10 pavimentos construídos com pré-fabricados de concreto ou com sistemas híbridos trazidos por Leonardi mostram a versatilidade, durabilidade e desempenho do sistema construtivo, pois são empreendimentos entregues em anos distintos, alguns mais recente e outros com mais tempo de uso, como o Centro Empresarial São José da Terrafirme, de 2004, que aplicou vigas pré-fabricadas protendidas, lajes alveolares e pilares moldados in-loco. O edifício conta com 14 pavimentos e 58 metros de altura.
O Edifícios Jardins, da Munte, em 2008, uma edificação de 18 pavimentos e 54 metros de altura, sem pilares dentro dos apartamentos e vãos livres de 10 metros com lajes. “Essa obra derrubou o estigma de que a pré-fabricação era sinônimo de obras de interesse social e apresentou baixíssimas manifestações patológicas em comparação com edificações construídas no método tradicional”, explicou Leonardi.
João Carlos Leonardi, coordenador do GT Edifícios Altos (Abcic), mostrou diversos cases da pré-fabricação de concreto em edifícios altos e de múltiplos pavimentos
Citou ainda o GH Corporate, situado em Indaiatuba, interior de São Paulo, com 11 pavimentos e 48 metros da altura. Empreendimento todo em pré-fabricado, teve contraventamento concentrado na região dos elevadores e caixa de escada, pilares em formato H, concreto de 90 Mpa. Houve a necessidade de transporte especial e os painéis continham agregados expostos em preto, servindo como barreiras antichamas. A obra foi montada em quatro meses.
Em São Paulo, a Gleba B do Parque da Cidade é uma obra icônica com o uso do sistema construtivo, que teve, entre outros benefícios, a otimização da mão de obra. Foram 400 profissionais contra os 1100 esperado se fosse feito em construção convencional. Já o Trimais Places, com 16 pavimentos e 52 metros de altura, levou 4225 m³ de estrutura e contou com 60 pessoas no canteiro. Houve um planejamento minucioso pela complexidade da produção, chegada das carretas e montagem. O heliponto, que seria metálico, foi construído com pré-fabricado de concreto.
Leonardi ainda apresentou o Edifício Ayrton Senna 575, no Paraná, com 14 pavimentos e 47 metros de altura, cujo desafio principal estava na arquitetura, com painéis com detalhes arquitetônicos. Houve a redução de 40% do tempo de construção. O Varanda Botânico, em Ribeirão Preto, São Paulo, conta com 25 pavimentos e 85 metros de altura e parcialmente feito em pré-fabricado de concreto. O Vita Boulevard, em Gramado, Rio Grande do Sul, se destaca por estar incorporado perfeitamente dentro da paisagem urbana da região, tendo sido construído em um quarteirão inteiro. O Quadria Aquarius, em São José dos Campos, São Paulo, recebeu 16 mil metros de painéis arquitetônicos. São três tipos de concretos com acabamentos diferentes e com diversas cores.