PONTO DE VISTA

No setor como um todo, deveremos enfrentar o freio de mão puxado nos novos investimentos e a permanência dos juros elevados por mais tempo do que se imaginava. De outra parte, cada segmento da construção terá seus desafios.

No mercado imobiliário, é de se esperar que 2023 seja mais favorável aos segmentos de alta renda e da faixa mais alta de habitação econômica. Na cidade de São Paulo, temos a incógnita sobre a revisão do Plano Diretor Estratégico, que deverá se concluir até o final deste ano. Esperamos que se façam as revisões necessárias para eliminar o elitismo do plano atual e possibilitar um adensamento inteligente do centro onde já há infraestrutura, em vez de se continuar com medidas que só empurram cada vez mais gente para morar nas periferias da cidade.

Na habitação popular, o setor aguarda a regulamentação da volta do programa Minha Casa, Minha Vida, para fazer as contas e verificar se será viável

voltar a operar na chamada Faixa 1, destinada às famílias de mais baixa renda. Se esta regulamentação for realmente motivadora e se contarmos com subsídios também dos governos dos Estados e dos Municípios, certamente teremos a volta dos lançamentos neste setor, resultando em um bom volume de obras em 2024.

Na infraestrutura, ante as minguadas verbas do Orçamento federal, possivelmente os maiores investimentos virão dos governos estaduais e municipais e das concessões e parcerias público-privadas. Aqui novamente a integração entre os entes federativos será estratégica para concluir as 14 mil obras paralisadas e iniciar novas. Vamos ver como será o novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que o governo federal está preparando para este segmento.

Em sua gestão, quais serão os focos de trabalho do SindusCon-SP?

Assumimos com o firme propósito de impulsionar a industrialização do setor, rumo a uma construção sustentável. Seguiremos trabalhando pela racionalização dos processos construtivos, buscando uma forte integração da cadeia produtiva, sempre com o foco em sustentabilidade, inovação, tecnologia, qualidade e produtividade.

Para elevar a previsibilidade em relação aos custos das obras, vamos atuar em favor de uma política industrial que atraia investimentos e eleve o número de fornecedores de insumos, principalmente nos setores que hoje concentram a produção em poucos fabricantes.

A exemplo do que já fizemos na gestão anterior, daremos uma atenção especial à tramitação da reforma tributária, para que ela não prejudique nosso setor, efetivamente simplifique o sistema, traga mais investimentos, gere empregos e incremente a produtividade.

Também incluímos nas prioridades o reforço de nossa área educacional, qualificando os profissionais do setor via: Universidade Corporativa Sinduscon-SP, de cursos rápidos e práticos destinados a engenheiros; parceria com o Senai-SP, para a capacitação dos trabalhadores; parceria com o Sebrae-SP, para o desenvolvimento dos empreiteiros; e o programa SindusCon-SP na Prática, destinado a universitários de engenharia e estagiários.

Seguiremos contribuindo com sugestões para o aprimoramento do Programa Minha Casa, Minha Vida, de modo que ele possa contribuir decisivamente para a erradicação do déficit habitacional.

Teremos novidades na área ambiental, com a edição de um Manual de Pegada Hídrica dos empreendimentos habitacionais, além do trabalho já em andamento de medição das emissões de carbono de nossas obras, com vistas a propor metas de redução.

Continuaremos trabalhando pela conscientização do setor sobre a importância das boas práticas de inclusão social, saúde e segurança do trabalho nas obras, em conjunto com o Seconci-SP (Serviço Social da Construção).

Vamos acompanhar as concessões, privatizações e marcos regulatórios, visando desconcentrar mercados e elevar a eficiência na prestação dos serviços públicos.