PONTO DE VISTA
A industrialização tem sido apontada como um caminho sem volta para a construção. Qual é a sua avaliação sobre o tema?
A industrialização é, de fato, um caminho sem volta para a construção. Ela representa uma evolução natural do setor, que precisa se adaptar às novas demandas de produtividade, qualidade e eficiência. Com a escassez de mão de obra nos canteiros, entendo que a adoção de sistemas e componentes industrializados é a alternativa mais adequada para acelerar as obras e garantir entregas mais ágeis e com menos desperdício.
Uma pesquisa realizada pelo Deconcic em 2024 mostrou que 44% das empresas do setor já utilizam algum tipo de sistema construtivo ou kits industrializados. Esse número tende a crescer, especialmente com a reforma tributária, que deve corrigir distorções e tornar esses métodos ainda mais competitivos em relação a construção convencional.
A industrialização é uma das bandeiras que o Deconcic defende, e está presente de forma constante em nossa pauta de trabalho. Acredito que esse movimento é essencial para tornar o setor mais moderno e sustentável.
Como a industrialização pode fomentar a inovação, contribuir para o enfrentamento da escassez de mão de obra e ajudar a reduzir o impacto ambiental da construção?
Como já mencionado, a industrialização desempenha um papel importante na transformação dos processos construtivos. Ela está diretamente ligada à inovação tecnológica, ajuda a enfrentar a escassez de mão de obra e contribui para reduzir o impacto ambiental das obras.
Com menos profissionais disponíveis nos canteiros, investir em produtividade se tornou essencial. E isso passa por adotar soluções mais modernas, como sistemas construtivos industrializados, que tornam o processo mais eficiente e menos dependente da mão de obra tradicional.
Do ponto de vista ambiental, a industrialização permite maior controle dos processos produtivos, o que ajuda a reduzir desperdícios e melhorar o aproveitamento de materiais. São avanços que ajudam o setor a se alinhar aos compromissos ambientais do país.
A industrialização representa uma mudança de mentalidade que vem ganhando força e deve continuar avançando nos próximos anos.
Em relação à pré-fabricação em concreto, como avalia sua contribuição para o setor da construção?
O sistema construtivo pré-fabricado de concreto vem ganhando espaço na construção por oferecer algumas vantagens práticas. Por ser produzido em ambiente controlado, tende a apresentar maior durabilidade e qualidade do que o concreto moldado diretamente no canteiro. Isso contribui para reduzir riscos estruturais e tornar os processos mais previsíveis.
A chegada das peças prontas ao local da obra também ajuda a manter o canteiro mais organizado e seguro, o que pode facilitar a execução e o gerenciamento das atividades. Além disso, o uso de moldes industriais garante maior precisão nas dimensões e no acabamento das peças, e tecnologias como o concreto protendido oferecem maior flexibilidade aos projetos.
De forma geral, a pré-fabricação em concreto representa uma importante alternativa para contribuir para a modernização do setor, oferecendo ganhos em organização, eficiência e qualidade nos processos construtivos, além de estar alinhada às demandas atuais por maior sustentabilidade e racionalização de recursos.
Qual é a sua análise sobre a participação da Abcic no âmbito do Deconcic? E a contribuição da entidade em temas como sustentabilidade, inovação e produtividade?
A Abcic tem uma participação estratégica no âmbito do Deconcic, por representar, com legitimidade, o segmento da construção industrializada em concreto. Com ampla experiência no segmento, a entidade contribui de forma consistente para o avanço das discussões sobre a industrialização do setor.
Além de integrar a diretoria do Deconcic por meio da participação ativa de sua presidente executiva, Íria Doniak, a Abcic também está presente no Consic – Conselho Superior da Indústria da Construção da Fiesp por meio dos engenheiros Carlos Gennari e Íria e tem colaborado em diversos trabalhos, como no GT Construção Industrializada, que foi coordenado pelo Departamento. Nessas instâncias, a entidade contribui com propostas e análises sobre temas relevantes para o setor.
A Abcic também tem presença ativa nos debates promovidos no âmbito do ConstruBusiness, em pautas relacionadas à inovação, sustentabilidade e produtividade. Sua atuação tem contribuído para ampliar o diálogo sobre a industrialização da construção e para fortalecer iniciativas voltadas ao desenvolvimento do setor.
Reforço aqui meu reconhecimento à parceria da Abcic com o Deconcic e à importância de sua participação contínua nos próximos anos.