PONTO DE VISTA
Quais são os principais desafios para a construção nos próximos anos? Como o Deconcic tem atuado para ajudar o setor a superá-los?
Um dos principais desafios que enfrentamos hoje na construção civil e pesada é a escassez de mão de obra qualificada. Há uma clara diminuição do interesse dos jovens em ingressar no setor, agravada pela concorrência com outros mercados mais conectados às economias de plataforma. Isso tem provocado um envelhecimento preocupante da força de trabalho na construção.
Diante desse cenário, acredito que o caminho mais eficaz para superarmos essa barreira é investir fortemente na produtividade. Isso envolve ampliar o uso de sistemas construtivos industrializados, acelerar a digitalização dos processos e promover a capacitação técnica de forma estruturada e contínua.
O Deconcic tem atuado de forma institucional, promovendo um ambiente de diálogo permanente entre as entidades representativas do setor, o governo e a academia, com o objetivo de aprimorar a agenda prioritária voltada ao estímulo da industrialização e da digitalização das obras — temas que têm sido destaque recorrente no ConstruBusiness e que continuarão a receber atenção especial.
Além disso, o Deconcic também tem se dedicado a outras pautas fundamentais para o avanço do setor, como a redução da burocracia, o incentivo à inovação tecnológica, o fortalecimento da construção sustentável e a ampliação dos mecanismos de financiamento.
A sustentabilidade e a inovação são dois fundamentos importantes que norteiam o mundo na atualidade. Como eles têm sido vistos pelo setor da construção?
A sustentabilidade e a inovação têm ganhado espaço crescente na construção, acompanhando uma tendência global de transformação dos setores produtivos. O compromisso com práticas mais responsáveis e eficientes vem se consolidando. Essa preocupação deve estar presente desde a concepção do projeto, que já nasce, por exemplo, com foco em eficiência energética, gestão racional da água e geração de menor impacto ambiental.
Na fase de construção, é essencial investir em métodos construtivos mais modernos e em tecnologias inovadoras que melhorem a produtividade e a qualidade das obras. A digitalização de processos, por exemplo, permite maior precisão e previsibilidade, enquanto os sistemas industrializados ajudam a reduzir desperdícios e otimizar recursos. A escolha de materiais com menor consumo de energia e menor pegada de carbono também tem ganhado relevância.
Embora ainda haja muitos desafios, como os custos de implementação e de adaptação de processos, o setor tem demonstrado disposição para evoluir. A sustentabilidade e a inovação caminham juntas e não são apenas exigências do mercado, mas também oportunidades para tornar o setor mais competitivo, eficiente e alinhado às demandas atuais da sociedade.
Quais os desafios que o setor precisa superar para contribuir para as metas brasileiras de combate às mudanças climáticas?
Um dos principais desafios para que o setor da construção contribua efetivamente para as metas brasileiras de combate às mudanças climáticas é avançar rumo à descarbonização. Isso envolve uma série de mudanças, especialmente na forma como produzimos e consumimos materiais, já que grande parte das emissões está associada à cadeia de fornecedores.
Nesse contexto, é fundamental que os construtores busquem parceiros comprometidos com práticas mais sustentáveis, como o uso de fontes de energia renováveis, a redução do consumo de recursos naturais e o investimento em tecnologias mais limpas e eficientes.
Também é importante promover uma mudança de cultura nas empresas, com a capacitação dos profissionais e maior atenção à gestão de dados e de indicadores ambientais.
A industrialização da construção tem um papel relevante nesse processo, pois permite maior controle dos processos produtivos, reduz desperdícios e melhora a eficiência das obras. São passos importantes para que o setor possa contribuir de forma concreta para os compromissos ambientais do país.