Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 35 - agosto de 2025

ABCIC EM AÇÃO

Integração entre pesquisa, projeto e produção fomenta o avanço contínuo da pré-fabricação de concreto

A quarta edição do Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto Pré-Moldado foi um verdadeiro sucesso e mostrou a importância da união entre a cadeia de valor para o desenvolvimento sustentável e evolução da construção industrializada de concreto no Brasil.


O engenheiro Marcelo Waimberg falou sobre características do UHPC, como elevada resistência à compressão, elevada resistência à tração na flexão, baixa permeabilidade, retração hidráulica e fluência e alta durabilidade. “Peças cada vez menores, mais leves e fáceis de trabalhar, com menor consumo de aço na estrutura e o agente agressivo quase não penetra em um material como esse”, afirmou. 

Ele mostrou uma foto de uma ponte na Malásia, com vão de 40 metros construída em aduelas pré-fabricadas justapostas com protensão posterior e uso praticamente zero de armadura frouxa, tirada há mais de 10 anos. Comentou também sobre os boletins publicados pelo TG6.5 – Precast Concrete Bridges, no âmbito da Comissão 6 da fib, que mostra a experiência e a prática de diversos países e apresenta critérios de normas aplicados por essas nações, que, nem sempre, são convergentes.

Trouxe ainda o próximo boletim a ser publicado pelo Task Group, que trará recomendações e limitações para o UHPC, usando valores razoavelmente conservadores, mas que, para as aplicações brasileiras, será um salto de qualidade e desempenho. “A ideia é mostrar que, na maioria dos casos, é possível dispensar a armadura frouxa, diminuir a espessura da peça e o consumo de cimento e aço. É um ganho potencial para a pré-fabricação”, explicou. 

Produção: Cases da Indústria

No segundo painel do 4º Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto Pré-Moldado, o foco esteve na produção, buscando apresentar as obras realizadas pela indústria de pré-fabricados de concreto na atualidade. 

A primeira apresentação ficou a cargo do engenheiro João Batista da Silveira Filho, gerente do setor de Projeto da Cassol Pré-fabricados, que abordou o case Arquipeo, empreendimento corporativo da Brookfield Properties, para abrigar o novo campus da agência WPP, que foi o vencedor da categoria Edificações no Prêmio Obra do Ano em Pré-Fabricados de Concreto em 2024. “A obra não foi projetada para ser em pré-fabricado de concreto, mas foi possível fazer a adaptação para a concepção arquitetônica”, revelou. 

Com uma área de 73 mil m² e 33 metros de altura, o edifício, concebido para ter a certificação Leed Gold, recebeu pilares cruciformes, vigas T, lajes alveolares, painéis de fachada arquitetônicos, rampas e escadas, totalizando um volume de 18 mil m³ de concreto. “Foram 10 meses de montagem, o que significa aproximadamente 7 mil m² de elementos por mês”, calculou Silveira Filho, que detalhou as características da estrutura, como a malha estrutural ser de 11,25 m por 11,25 m, maior do que o usual, com poucas juntas de dilatação, redução dos pavimentos em planta e ter apenas duas vigas de transição em U. 

Um dos pontos mais interessantes são os painéis arquitetônicos. O engenheiro da Cassol contou que em março de 2021, apresentou-se estudos para alteração desses painéis moldados in-loco para pré-fabricados, a fim de atender o prazo da obra e possibilitar a logística, em outubro, a Cassol foi contratada e em maio de 2022 houve a concretagem da primeira empena. “Houve um processo colaborativo, com a participação e aprovação do arquiteto. Foram feitas amostras, desenvolvidos estudos para o procedimento e mock-ups, pois as peças eram diferentes e precisaram ser feitas manualmente”, explicou. 

Os requisitos arquitetônicos somados às dimensões de 2,6m por 16,40m dos painéis, com peso de 28 toneladas, a realização da montagem e solidarização, foram grandes desafios do projeto, segundo Silveira Filho que afirmou o painel precisou ter três apoios para a montagem na horizontal. “Foi um planejamento muito grande, que envolveu o estudo inicial da concepção de cores; quatro níveis de montagem diferentes, que levou a distribuição por peças e equipes, e o uso de BIM 4D para auxiliar nos estudos”, finalizou.

Nós usamos cookies para compreender o que o visitante do site Industrializar em Concreto precisa e melhorar sua experiência como usuário. Ao clicar em “Aceitar” você estará de acordo com o uso desses cookies. Saiba mais!