Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 35 - agosto de 2025

ABCIC EM AÇÃO

Integração entre pesquisa, projeto e produção fomenta o avanço contínuo da pré-fabricação de concreto

A quarta edição do Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto Pré-Moldado foi um verdadeiro sucesso e mostrou a importância da união entre a cadeia de valor para o desenvolvimento sustentável e evolução da construção industrializada de concreto no Brasil.

O painel de Produção contou com  a apresentação dos cases das empresas Cassol, Leonardi e Marka


A seguir, João Carlos Leonardi, diretor da Leonardi, contou o histórico da empresa e ressaltou a importância das Missões Técnicas da Abcic, que trouxeram oportunidades para conhecer edifícios altos com o pré-fabricado de concreto, como na Bélgica, em 2008, e no Japão, em 2019. “Tivemos uma aula com professor Arnold Van Acker (in memoriam) em um canteiro de obra de edifício alto. É um grande aprendizado, trocar informações entre nós, convivendo por alguns dias e tendo contato com profissionais reconhecidos. É assim que nosso setor tem evoluido e temos saltado para maiores desafios”, disse. 

Nesse contexto, ele citou o trabalho promovido pelo Grupo de Trabalho de Edifícios Altos da Abcic que, no ano passado, realizou um seminário internacional e publicou duas obras fundamentais: o Coletânea de Obras Brasileiras – Edifícios Altos e a tradução do Boletim 101 da fib: Concreto Pré-Moldado em Edifícios Altos, e ponderou que o Brasil possui um histórico de obras de edifícios altos com pré-fabricado de concreto, desde 2001, e tratou especificamente do Edifício Jardins, da Munte, que derrubou o estigma de que construção pré-fabricada de concreto era sinônimo de habitação de interesse social e apresenta pouquíssimas manifestações patológicas em comparação com edificações  convencionais.

Em sua reflexão, Leonardi mostrou que as construções de prédios pré-fabricados não estão restritas as grandes cidades, pois existem obras feitas em cidades mais afastas de regiões metropolitanas. Sobre o valor mais alto do sistema construtivo, disse ser subjetivo, pois depende do projeto, concepção, localização e montagem. “Quando é possível, o resultado aparece. Uma obra no interior do Paraná, por exemplo, ao conversar com o incorporador e com o construtor, a obra de 14 pavimentos e 47 metros de altura, fechada com painéis, ficou mais econômica do que se fosse toda em convencional”, explicou. 

Mesa de debates contou com a participação dos professores Mounir Khalil El Debs, Eduardo Julio e Paulo Campos, dos engenheiros Luis Livi e Luis Tomazoni e mediação da engenheira Íria Doniak


Outros cases trazidos por Leonardi foram o GH Corporate, com 11 pavimentos e 58 metros de altura, em Indaiatuba (SP), o Trimais Places, com 52 metros de altura, em São Paulo, o Hotel Terroà, em Americana (SP), com 14 pavimentos e 50 metros de altura, o Scala Data Center, prédios com 63 metros de altura, em Barueri (SP), Unimed, em Piracicaba (SP), Gamarra, em Nazaré Paulista (SP) e a linha Dynamic, da Lucio, com vários prédios. “Estamos apostando em edifícios altos, pois é a nova fronteira da industrialização. Temos que trabalhar de forma unida, pois temos uma meta de que 2% dos edifícios altos do nosso país sejam pré-fabricados. Se esse percentual for alcançado, mesmo com todas as empresas do mercado se dedicando exclusivamente para isso, não daremos conta”, ponderou. 

Para Noé Marcos Neto, sócio-diretor da Marka Soluções Pré-fabricadas, obter 2% do mercado é uma escala inimaginável, mas há um potencial de mercado muito grande para o pré-fabricado de concreto. “Um pavimento todo industrializado, com todas vantagens competitivas e uma montagem ágil, redundaria em resultados importantes para a sociedade”, analisou. A seu ver, existe um desafio a ser vencido que é a interface entre fábrica e construtora, pois ainda há uma dificuldade nesse relacionamento. 

Durante sua apresentação, lembrou que as soluções mistas também são importantes para que a pré-fabricação possa avançar no mercado e citou o caso do Varanda Botânico, edifício residencial, com 25 andares, situado em Ribeirão Preto (SP). O projeto contou com uma estrutura mista, formada por pilares–parede em concreto moldado in-loco, vigas perimetrais moldadas in-loco e lajes alveolares. A arquitetura do primeiro ao 13º pavimento era diferente dos demais pavimentos acima, que passavam ter outra configuração. 

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