ABCIC EM AÇÃO
A quarta edição do Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto Pré-Moldado foi um verdadeiro sucesso e mostrou a importância da união entre a cadeia de valor para o desenvolvimento sustentável e evolução da construção industrializada de concreto no Brasil.
A professora Ana Elisabete Jacintho, da PUC Campinas, iniciou sua palestra, abordando o histórico de normalização do UHPC no mundo, citando as publicações feitas nos Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul, França, Suíça e Canadá, com destaque para o boletim 105 da fib “Fiber Reinforced Concrete – State of the Art”. Pelo Brasil, falou sobre a importância da Prática Recomendada: Concreto De Ultra Alto Desempenho Reforçado Com Fibras (UHPC), no âmbito do IBRACON-ABECE, que foi texto base para a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
As duas comissões de estudos que trabalham o tema são: CE-002:124.029 Comissão de Estudo de Estruturas de Concreto de Ultra Alto Desempenho em Edificações e CE-018:300.014 Comissão de Estudo de Concreto de Alto Desempenho e de Ultra Alto Desempenho. “A parte de materiais está praticamente finalizada após 1 ano e meio de trabalho. Os textos estão na fila para consulta pública”, explicou Ana Elisabete.
Em relação ao projeto de estruturas e elementos estruturais em UHPC, a norma tem como base as normas francesas e Eurocode quando se trata do concreto, no caso do aço, baseia-se nas normas brasileiras. A estimativa é que a norma seja publicada no primeiro semestre do próximo ano, após finalizar questões relacionadas ao estado limite último, estados limites de serviço, detalhamentos especiais e anexos.
“Faço o convite para participar das reuniões que acontecem uma vez por mês, às quintas-feiras, pois é importante contar com a colaboração mais efetiva da comunidade. O grupo é ótimo”, afirmou a professora. A norma se aplica ao projeto de edifícios e estruturas em UHPC não armado, UHPC reforçado com armadura passiva ou UHPC protendido, considera a adição de fibras e trata apenas dos requisitos relativos à resistência e durabilidade de estruturas em UHPC.
O tema “Análise de Força Cortante em Vigas Protendidas Sem Estribo Com Uso de Concreto com Fibras” ficou a cargo de dois engenheiros da EGT Engenharia, Ligia Doniak e Marcelo Waimberg, que trouxeram suas avaliações segundo a base de dados elaborada com ensaios disponíveis na literatura em comparação com normas internacionais, e segundo à fib, respectivamente.
“Por que usar concreto com fibra? Por que o FRC é uma alternativa sustentável? Como substituir a armadura tradicional por fibra?”, questionou Ligia no início de sua apresentação, que explicou que o concreto sustentável está ligado ao concreto durável, que possibilita diminuir as emissões de carbono e pode ser produzido com energia renovável.
Segundo a engenheira, o concreto protendido com fibra tem um alto interesse econômico e sustentável, e a parte mais trabalhosa da viga de concreto armado é justamente a colocação de estribos, e na pré-fabricação não é exceção. É sustentável porque está reduzindo a área de aço em uma seção. Outro ponto importante é conhecer o desempenho e os mecanismos de ruptura, pois no campo de concreto com fibra, esses mecanismos são diferentes em relação ao tradicional.
Nesse sentido, Ligia estudou uma base de dados em resistência a cortante, elaborados por diversos pesquisadores. Foram 80 vigas ensaiadas, compreendendo o período de 2005 a 2022. Além disso, fez uma correlação com as formulações do Eurocode, Model Code 2010 e 2020 da fib, e o código espanhol. Este trabalho, juntamente com os seus orientadores, os professores Hugo Corres e Leonardo Todisco, Rafael Ruiz, outro pesquisador da UPM – Universidade Politécnica de Madri, foi publicado no Structural Concrete Journal da fib e está sendo uma referência para outros estudos na área.
Em duas turmas, o destaque do evento foi a vista técnica às instalações da indústria