Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 35 - agosto de 2025

ABCIC EM AÇÃO

Integração entre pesquisa, projeto e produção fomenta o avanço contínuo da pré-fabricação de concreto

A quarta edição do Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto Pré-Moldado foi um verdadeiro sucesso e mostrou a importância da união entre a cadeia de valor para o desenvolvimento sustentável e evolução da construção industrializada de concreto no Brasil.

A palestra magna do engenheiro Eduardo Júlio, professor catedrático do Instituto Superior Técnico (IST) da Universidade de Lisboa, trouxe uma reflexão sobre “Construção Modular Pré-Fabricada em Concreto - A Reinvenção de um Conceito”. Ele iniciou sua apresentação avaliando que a Europa não tem seguido o caminho correto, pois a produção acadêmica não tem buscado a integração com o projeto e a produção. Por isso, se surpreendeu com a qualidade do evento e a participação efetiva e contundente da Abcic. “Vocês conseguem ter indústria, academia, projetistas, projeto e a normalização. E, tudo isso bem feito. Estou impressionado”, enfatizou.

Eduardo Julio: “Vocês conseguem ter indústria, academia, projetistas, projeto e a normalização. E, tudo isso bem feito. Estou impressionado.”


Para ele, é preciso recuperar o conceito de construção modular pelo déficit habitacional, pelos desastres naturais e climáticos, pelas guerras, pela escassez de mão de obra e pela questão econômica. “Tentamos reabilitar edifícios e isso não deu certo. Vamos precisar construir e reconstruir e a pré-fabricação pode dar a resposta. É o presente e será o futuro”, afirmou o professor português, que também mostrou os documentos da consultoria Mckinsey, que mostram o potencial da construção modular. 

Outro ponto trazido por ele foi o histórico da construção modular, cujos primeiros exemplos são de 1830, com o primeiro edifício, em 1903. Daquele período, houve a evolução na tipologia, em complexidade e escala. Atualmente, são três tipos de categoria: kit de componentes montado no local, modulo 3D produzido em fábrica e sistema híbrido, que têm sido aplicados em diversas partes do mundo.

Ao longo de sua palestra, trouxe o projeto R2UTechnologies, que reúne 24 empresas e 21 centros pesquisa investigação e universidades, com investimento 94,9 milhões de euros. Dentro desse projeto, o Instituto Superior Técnico da universidade de Lisboa coordena o subprojeto “Edifícios Modulares Pré-Fabricados em Concreto”, com recursos de 2,9 milhões de euros, que tem como objetivo: o desenvolvimento e industrialização de um novo Conceito Multidisciplinar de Edifícios Modulares em Concreto Pré-Moldado, com especial enfoque em: habitações multifamiliares e unifamiliares e residências estudantis e para seniores

“Para mim, a arquitetura é fundamental, pois se as edificações não tiverem um apelo estético, o conceito não será viabilizado. O pré-fabricado precisa ser utilizado de modo a acolher as pessoas. Outro ponto importante é a sustentabilidade, por isso pretendemos usar materiais reciclados, concretos ecoeficientes e ciclo de vida da produção, que possibilite o desmonte”, explicou Julio. Aspectos de eficiência e segurança também estão sendo considerados no projeto. 

Por estar ainda em andamento, o professor trouxe resultados preliminares: uma solução baseada em módulos, pensando em edifícios até 6 andares para moradias multifamiliares, com a incorporação de terraços interiores como espaços funcionais e sistemas estruturais mistos de parede-pórtico, uma solução para moradias unifamiliares respeitando modularidade, flexibilidade, adaptabilidade e com possibilidade de incorporar espaços multifuncionais. “As primeiras propostas para as residências estudantis ainda estão sendo finalizadas”, disse. 

Paulo Campos: “Hoje, há muitas pessoas falando de construção modular e outros temas, mas somos nós que precisamos assumir a dianteira desse processo, pois sabemos o que é industrialização.”

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