ABCIC EM AÇÃO
A quarta edição do Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto Pré-Moldado foi um verdadeiro sucesso e mostrou a importância da união entre a cadeia de valor para o desenvolvimento sustentável e evolução da construção industrializada de concreto no Brasil.
O projeto engloba ainda o uso do BIM, estudos sobre novos tipos de concreto e sobre sustentabilidade, realizando comparativos com outros sistemas construtivos. “Os edifícios modulares em concreto pré-moldado permitem dar resposta ao problema de habitação, de forma simples, rápida, econômica, sustentável e eficiente. Esse projeto tem o potencial de reinventar o conceito, por meio de uma abordagem multidisciplinar”, ponderou.
Em sua apresentação, Julio falou ainda sobre a fib, especialmente, sobre o recém-criado Task Group 6.12 – construção modular em edifícios, no âmbito da Comissão 6 de Pré-Fabricados, no qual é o coordenador. “Ao integrar especialistas de diferentes áreas (academia, projeto, indústria, outras) e de várias partes do mundo, o TG poderá produzir um “Guia de boas práticas”, que permitirá a implementação deste conceito a nível internacional e convidou a todos para estarem presentes no 7º fib Congress, em Lisboa, que acontecerá entre os dias 15 e 19 de junho de 2026.
Arquitetura industrializada
O arquiteto Paulo Eduardo de Fonseca Campos, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) iniciou sua palestra sobre “A Arquitetura Industrializada e a pré-fabricação em concreto”, recordando que a inteligência artificial potencializa as habilidades pessoais, que são insubstituíveis, e trazendo um histórico sobre a arquitetura industrializada, cuja primeira geração esteve entre os anos 1950 e 1970 na Europa, no pós-guerra.
“Com base no mesmo modelo de produção dos automóveis Ford, temos então o grande painel de concreto, como solução técnica e econômica desse período, que se caracterizou por realizações massivas, uniformidade e rigidez na arquitetura, diminuição do número de elementos distintos e flexibilidade zero”, explicou Campos, que recordou que os grandes equipamentos eram muito caros e para amortizar o custo era preciso utilizá-los ao máximo.
Esse modelo começou a ser questionado com o acidente do edifício “Ronan Point”, em Londres, a crise do petróleo e a importância do fator humano versus as cidades-dormitórios. Atualmente, a arquitetura industrializada busca qualidade, produtividade, redução de desperdício e conexão com a construção industrializada. “Podemos intercambiar com colegas de outras partes do mundo para novos conhecimentos, além do que a industrialização possibilita ter um ciclo aberto, com maior racionalização do projeto. Pela normalização há mais segurança e houve um aumento de densidade tecnológica dos produtos”, avaliou Campos.
Para exemplificar essa realidade, professor da FAUUSP apresentou projetos vencedores do Prêmio Obra do Ano em Pré-Fabricados de Concreto, na categoria Edificações, nos anos 2022 (Trimais Places), 2023 (Scala Data Center) e 2024 (Arquipeo) e outras tecnologias, como banheiros prontos de GRC. Campos é membro do Comitê do Júri desde a primeira edição. “Essas obras mostram que o Brasil soube ganhar conhecimento a partir de outras fontes, intercambiando experiências e ideias para criar nosso próprio caminho que também está sendo conhecido por outras empresas e colegas do exterior”, disse.
Em relação aos novos paradigmas, trouxe a questão da densidade tecnologia dos produtos, que tem crescido nos últimos anos, com formas mais complexa e moldes mais sofisticados, novas cores, texturas e pigmentos para os painéis, que são uma área importante para o setor, segundo Campos, por acelerar o fechamento dos edifícios, principalmente quando já vêm com caixilhos incorporados, construção mais segura que o convencional e ampla possibilidade de combinação de cores, texturas e formas.
Em sua apresentação, comentou sobre o uso de concretos de maior resistência, com o UHPC, para construção mais leve, e com possibilidade de uso nas área de infraestrutura, habitação e no retrofit, e a produção digital da arquitetura modular, trazendo como exemplo o Museu de Guggenheim, em Bilbao. Por fim, mostrou a relevância da construção industrializada para aumentar a produtividade, qualidade e eficiência, alinhada a pauta de sustentabilidade.