ABCIC EM AÇÃO
Composto pelo Seminário Internacional e pelo Curso Abcic-fib, também destacou a interação e a contribuição da delegação brasileira nos trabalhos e ações da fib
Pré-fabricado de concreto foi o sistema escolhido para a construção da nova estação Paddington
O Seminário Internacional Abcic contou também com a palestra de George Jones, diretor-proprietário da Commercial Design e Concepts, membro da Comissão 6 da fib e coordenador do grupo de trabalho de edifícios altos (TG 6.7) da entidade.
Em sua primeira participação no país, ele apresentou o case da construção da nova estação Paddington, que faz parte de um complexo muito importante no sistema público de transporte de Londres. A obra teve uso intenso de pré-fabricado, que foi determinante para acelerar a construção. “Eu penso que esse projeto, em particular, é um bom exemplo de como o pré-fabricado de concreto pode ser aplicado de forma a beneficiar todos os envolvidos com a obra, e não apenas uma parte dela”, disse.
A obra da nova estação Paddington, segundo Jones, pertence a um projeto da Crossrail, empresa responsável pela construção da Linha Elizabeth, que engloba 10 novas estações com 136 km e 42 km de novos túneis e um investimento de 15,9 bilhões de libras. Com início em 2009, a expectativa é que os primeiros passageiros possam utilizá-la a partir de 2018. “Essa construção irá gerar 160 mil m³ de escavação, 80 mil m³ de concreto e 15 mil toneladas de reforços”, contou.
De acordo com Jones, a escolha pelo pré-fabricado de concreto foi determinada pelo contratante em parceria com a construção, de acordo com Jones, porque, após a avaliação de vários sistemas construtivos, ele foi considerado o mais adequado para o projeto. A solução de engenharia também foi submetida e aprovada pelo escritório de arquitetura. Entre os motivos que levaram sua aplicação são a repetição das estruturas, eficiência do molde na elaboração da peça e a capacidade de fabricar as estruturas durante a construção e de armazená-las fora do canteiro de obras. “Outra questão importante é que foi necessário se certificar de que a estrutura pré-moldada resistiria a uma explosão requisito cada vez mais presente em áreas alvo de ataques terroristas”, acrescentou.
Para o projeto, Jones disse que foi usado o BIM (Building Information Modeling) e a construção está sendo feita de “cima para baixo”, com isso as estruturas pré-moldadas são levadas para os andares mais baixos por meio de um pórtico rolante.
Quatro cenários para o setor de pré-fabricados de concreto
A segunda apresentação ficou a cargo do consultor Gerson Ishikawa, professor-adjunto do curso de Engenharia de Produção Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), que mostrou aos participantes do Seminário Internacional da Abcic os potenciais de crescimento da construção industrializada de concreto, por meio, por exemplo, da adoção de novas tecnologias para atender novas funcionalidades e aplicações, com base no Planejamento Estratégico da entidade, por ele coordenado, que iniciou em 2014 e foi concluído recentemente.
Além disso, segundo Ishikawa, a evolução da relação custo-benefício no setor da construção favorece a utilização do pré-fabricado de concreto. “Existem soluções completas para prédios residenciais, onde o pré-fabricado já é competitivo em custo em relação ao convencional”, disse. Outro ponto colocado por ele foi que a indústria investe em pesquisa e desenvolvimento, com isso, incorpora no processo produtivo novas tecnologias que favorecem a evolução das estruturas.
Em sua apresentação, o consultor e professor também trouxe quatro cenários de longo prazo para o segmento: Canteiro de Obra, Patchwork, Solução Completa e Verticalização. O primeiro consiste na continuidade do que ocorre no mercado atual da solução de engenharia, sendo tendencial. “Assim, o setor manterá sua participação no mercado da construção, que varia entre 2% a 5%”, explicou.
O segundo é a composição do sistema com diversas soluções e indicará uma passividade do setor, ao deixar que suas vulnerabilidades sejam expostas por outros sistemas construtivos. O terceiro é o uso do pré-fabricado integrado a todos os sistemas, tornando-se a solução preferencial e, com isso, de acordo com Ishikawa, a indústria poderá ampliar sua participação em até 10x. “Nesse cenário, haveria a inovação de produtos e soluções, e um múltiplo posicionamento das empresas”. Já o quarto cenário é a integração da construção e do sistema em uma mesma empresa. “Existem fatores influenciadores como a competitividade regional, a adoção de tecnologias, além de poder ser um arranjo temporário”, acrescentou.