DE OLHO NO SETOR 2
De acordo com Laura, foi elaborado um planejamento para o setor, para servir de estratégia nacional para estimular a construção industrializada. “Foi contratado um estudo sobre o que precisa ser feito nos modelos de financiamento habitacional, que atualmente, não favorecem a construção mais rápida”, explanou. Nessa área, o Grupo de Trabalho contou com a participação de dez entidades. Outro estudo contemplou os processos licitatórios, favoráveis à construção industrializada. “É necessário que técnicos do governo sejam capacitados para as modalidades adequadas de construção nesse setor”, pontuou. Em relação à tributação, um estudo foi realizado, mas a reforma tributária pode resolver essa questão.
“Esse eixo conseguiu atualizar os conceitos mais importantes da construção industrializada, resultou em pesquisas e diagnósticos aprofundados sobre as barreiras do ambiente regulatório e a importância da normalização técnica, e fomentou a produção de uma proposta de planejamento estratégico para o avanço da industrialização”, resumiu a diretora técnica da Abramat, que acrescentou que criou base para um alinhamento setorial e para elaboração de propostas e ações do próprio setor para encaminhamento ao governo.
Em relação às oportunidades, ela avaliou a Nova Política Brasil do Ministério do Desenvolvimento da Indústria e do Comércio, com objetivo de estimular a indústria nacional. “Uma das missões, a número três, trata da construção. Acredito que o Construa Brasil pode ser utilizado nessa nova política”, finalizou.
A engenheira Íria Doniak ministrou na sequência a palestra “Edifícios Altos e de Múltiplos Pavimentos – tendências da pré-fabricação em concreto”, citando os pioneiros na arquitetura voltada para a industrialização: Citou arquitetos ícones brasileiros que tiveram a visão a frente do seu tempo e já no final da década de 50 montaram um canteiro de pré-fabricação incluindo protensão, para vencer os desafios na construção da UNB em Brasília : Oscar Niemayer e João Filgueiras Lima (Lelé). Em seguida explanou como o setor tem se preparado ao longo dos últimos 20 anos para atender as demandas da industrialização: trouxe informações sobre o Selo de Excelência Abcic, programa de certificação de qualidade, segurança e gestão ambiental das empresas, auditado pelo Instituto Falcão Bauer, sobre o Prêmio Obra do Ano que possui interface relevante com a arquitetura, que conta com o apoio da AsBEA, no qual também são premiados os arquitetos, e sobre as Missões Técnicas e conexão internacional com novas tecnologias e tendências.
Íria Doniak, da Abcic, ressaltou a importância da industrialização em empreendimentos imobiliários durante o Seminário da Asbea-SP
“Quando falamos em industrialização, falamos em integração. Quando ela não nasce no projeto, perde-se muito de seu potencial, ou seja, precisa estar integrada desde a fase inicial para obter todos seus benefícios. A industrialização exige mudanças no canteiro de obras e favorece a retenção de mão de obra no setor”, explicitou Íria, que mencionou o estudo da McKinsey “The next normal in construction”, que aponta a industrialização no topo da disrupção.
Em termos de exemplos de edifícios altos no exterior que utilizaram a pré-fabricação de concreto citados por Íria estão a Torre de Cristal, na Espanha, que adotou uma estrutura em aço com lajes alveolares possibilitando um mix de sitemas construtivos que impactaram significativamente na otimização do uso dos recursos e logística, o Dexia Tower, na Bélgica em sitema esqueleto 100% pré-fabricado de concreto, e o Waterstadetoren, na Holanda, que aplicaram sistema em painéis. Da Ásia, trouxe o exemplo do Ebina Tower, no Japão, com 33 pavimentos, que foi construído com um sistema de amortecimento que acompanha os movimentos em caso de sismos. “Houve uma evolução muito grande no sistema em termos de colapso progressivo, cargas acidentais, entre outros”, pontuou.