DE OLHO NO SETOR 2
A Lucio tem ampliado a industrialização em suas edificações e para isso, passou por um processo de mudança de mentalidade. Roberto Clara, diretor da construtora, e membro do Comitê de Tecnologia e Qualidade (CTQ) do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), ressaltou que a companhia passou por uma evolução na aplicação do sistema, começando por elementos parciais até chegar ao sistema industrializado propriamente dito. “Ainda estamos caminhando nessa estrada com a ajuda de nossos parceiros”, pontuou.
A industrialização, conforme mencionou Clara, contribui para que Lucio foque mais em seus negócios e apresente um posicionamento estratégico, que possibilita rapidez nas decisões e na implantação dos projetos. “Não fazemos a conta somente do custo do sistema construtivo, mas do custo total do empreendimento”, afirmou.
Roberto Clara, da Lucio: "Não fazemos a conta somente do custo do sistema construtivo, mas do custo total do
Para exemplificar suas explanações, trouxe alguns cases que reforçam a jornada da industrialização. Um edifício com 27 andares, na zona Oeste de São Paulo, foi construído no método convencional, mas com as varandas pré-fabricadas. Em um edifício-garagem, a cotação trouxe um valor 14% maior para a estrutura pré-fabricada de concreto, mas a Lucio refletiu sobre como medir as questões imponderáveis, ou seja, risco de acidentes, de prazo, retrabalho, transporte mal aproveitado, entre outros. Uma avaliação da Falconi com 500 obras, inclusive, chegou aos seguintes dados: desvio de custo de 65% e 85% no prazo.
Desse modo, optou-se pela estrutura pré-fabricada de concreto, que foi levantada em quatro meses. “Repetimos em mais três empreendimento este modelo”, contou Clara, que trouxe ainda um case sobre o uso de fachada pré-fabricada em edifício comercial, com uma central de pré-moldagem das escadas, e outros edifícios corporativos em São Paulo construídos com estruturas pré-fabricadas de concreto ou estruturas mistas.
Ele falou também sobre como fazer diferente: “cuidando do projeto, contratando uma empresa de pré-fabricados e fazendo a supervisão. A empresa que tem expertise nessa área de engenharia contribui com todo o processo.” Por fim, recordou que a indústria possui tecnologia para atender as demandas das construtoras, com menor prazo e previsibilidade de custos, e a importância da integração entre todos os envolvidos.
Na sequência, André Luiz Massote Monteiro, diretor Executivo da Construtora Tenda/Alea, avaliou a possibilidade de se aplicar cada vez mais sistemas construtivos industrializados em habitações de interesse social, explicando sobre a solução técnica desenvolvida pela construtora. “É possível industrializar em empreendimentos para baixa renda”, ressaltou. Ele citou a fabricação de módulos 3D, economizando aço e concreto, indústrias com sistema carrossel para produção de painéis, lajes e vigas, com eficiência, possibilitando agregar elementos que seria feitos em obras como cerâmica, pia, shafts, chicote elétrico. “O ambiente controlado, com produção contínua, resultam em produtividade e competitividade”, reiterou.
André Luiz Massote Monteiro, da Tenda/Alea: "É possível industrializar em empreendimentos para baixa
A Tenda atua tanto com sistemas convencionais como em construção off-site. Com quinze fábricas, compostas por conjunto de formas, tem capacidade de fabricar quatro apartamentos por dia, um sistema altamente eficiente e resiliente, mas dependente do capital humano para que a construção seja executada.
Em 2020, iniciou a produção de casas para o interior, em produção off-site, 100% industrializada. Subsidiária da Tenda, a Alea possui 30 produtos à venda e alcança cidades de até 30 mil habitantes. Utilizando woodframe pode realizar empreendimentos pequenos e grandes com agilidade. “Nosso mercado está carente de profissionais, pois é fisicamente demandante, tendo que trabalhar aos sábados. Cada vez mais estamos com dificuldades de encontrar mestres de obras, pois os jovens não querem trabalhar na construção”, lamentou Monteiro.