DE OLHO NO SETOR 2
No caso de empreendimentos altos, há três anos, a construtora tem desenvolvido prédios de alta replicabilidade, reduzindo a aplicação de concreto e de aço, com elementos pré-fabricados. Com 17 pavimentos e 4200 peças pré-fabricadas, corrimão, escadas, kits elétricos e hidráulicos, estacas, pilares, vigas e painéis, esse prédio pode chegar a 30 pavimentos. As vigas são interligadas por ligação hiperstática feita no local.
Monteiro comentou ainda sobre a importância da normalização dos painéis pré-fabricados de concreto, em 2017, e da obtenção da certificação do sistema da Tenda/Alea no SINAT. “Temos outros dois prédios sendo construídos e temos a intenção de incorporar esquadrias pintadas, cerâmica e hidráulica pronta. Conseguimos essa evolução, por coordenar o projeto o início ao fim, envolvendo fornecedores e parceiros e otimizando o uso de materiais para ser comparável aos sistemas convencionais”, explicou. “Trouxemos concepção, prototipação, normalização, detalhamento do projeto, desenvolvimento de ferramentas de montagem, treinamento e implementação de processos”.
A última palestra do painel foi ministrada por Ricardo Monteiro Ferreira, diretor Técnico da Setin Incorporadora e membro do comitê técnico dos diretores da construção da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), que apontou as barreiras para a industrialização no segmento imobiliário, incluindo a questão tributária e o financiamento.
De acordo com ele, para unidades corporativas, hotelaria e indústria, a industrialização é uma realidade. No caso do mercado imobiliário, as principais dores estão no ciclo longo e na necessidade de muito capital inicial. “São cinco anos ou sessenta meses até a conclusão da obra, com isso, os negócios ficam muito expostos à alternância na legislação, macroeconomia e política. Entretanto, existem muitas oportunidades no mercado, porque vemos mudança de uso o tempo todo”, disse.
Nessa área, segundo Ferreira, o ciclo longo leva os incorporadores a ter muita resiliência e a ter interface com diversos atores ao longo de todo processo, desde a prospecção do terreno até a entrega do empreendimento.
Ricardo Monteiro Ferreira, da Setin Incorporadora: "a adoção desses processos é a solução lógica para ter mais produtividade e que necessita de
Para viabilizar a implantação dos sistemas industrializados nas obras, ele acrescenta que as empresas do setor precisam conversar com as incorporadoras quando o empreendimento ainda estiver em fase de estudos de viabilidade, porque após a elaboração de projeto é muito difícil implementar interferências na modalidade construtiva. “Existem riscos e barreiras, sim, mas é possível vencê-las? A respostas é sim”.
Em sua visão, nem sempre a construção será 100% off-site. “O importante é buscar o resultado, para isso é preciso nascer antes mesmo do projeto e ter pessoas experientes no processo”, analisou Monteiro, que afirmou que os sistemas industrializados pagam de 12% a 20% de ICMS e IPI, ante o percentual de 2% a 5% de ISS do método tradicional, de produção artesanal em canteiro. Enquanto a questão tributária for delineada dessa forma, acaba encarecendo a industrialização, entre outros fatores. “Mas a adoção desses processos é a solução lógica para ter mais produtividade e que necessita de menos quantidade de mão de obra”, acrescentou.
Pré-fabricação e infraestrutura
Dirigentes da Abcic, Felipe Cassol e Íria Doniak, o presidente do IBRACON, Júlio Timerman, com os integrantes do Painel Infraestrutura, o secretário Marcos Monteiro e o professor Frenando Stucchi