DE OLHO NO SETOR 2
Marcos Monteiro, secretário municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo, aproveitou a oportunidade para agradecer a parceria entre a Prefeitura de São Paulo e o governo do Estado em projetos na área de infraestrutura. “Essa parceria entre Prefeitura e Estado é o que a população precisa, pois conseguimos agilizar os projetos, otimizar processos e obter melhores resultados em menor tempo. Aqui em São Paulo, até o final da gestão, temos 8.400 obras que serão finalizadas. Não conseguiríamos isso se não tivéssemos o foco na construção racional, que nos proporciona maior produtividade”, comemorou, ao registrar que a Prefeitura de São Paulo não tem restrições em utilizar projetos com pré-moldados ou estruturas metálicas. “É fundamental valorizar os projetistas e garantir que recebamos projetos bons, que justifiquem essas escolhas para nossos órgãos de controle, como o Tribunal de Contas do Município”.
Após a abertura, o público teve a oportunidade de conhecer dados inéditos da Pesquisa Nacional da Construção, realizada pela Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), que trouxe um panorama do grau de industrialização do setor. Financiado pelo MCS, o levantamento apontou 38% das empresas do setor em todo o país querem aumentar os processos da construção industrializada, método que já responde por 64,5% dos processos construtivos no Brasil. O Nordeste é a segunda região com mais empresas (19,2%) dispostas a aumentar os processos de construção industrializada, ficando atrás apenas do Sudeste (50,4%).
Segundo a pesquisadora Ana Castelo, coordenadora de Projetos da Construção da FGV/Ibre e responsável pela pesquisa, os projetos do Programa Minha Casa Minha Vida contribuíram para este resultado. “O programa deu maior previsibilidade ao volume de recursos direcionados para a habitação, permitindo às empresas investirem na construção industrializada, pois, além da grande redução do tempo de obra, também proporciona eficiência e redução de custos”, disse.
A questão tributária também foi tema da apresentação de André Rebelo, diretor executivo de Gestão, Infraestrutura e Construção Civil da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que afirmou que a reforma tributária poderá acabar com a atual assimetria tributária entre a construção tradicional e a industrializada (ou off site), que favorece a primeira. “Isso tornará ainda mais atraente a construção industrializada, uma vez que a produtividade deste segmento é mais alta”, disse.
Para Rodrigo Navarro, presidente da Abramat, isso é um fator fundamental para que a construção industrializada seja adotada amplamente. “Qualquer mudança de paradigma só passa a ser adotada se houver lógica econômica. Se o empreendedor não vê sentido econômico em seguir determinado caminho, ele não segue, mesmo que ele seja mais bonito ou mais sustentável”, complementou.
Outro desafio da construção industrializada no segmento de incorporação e construção imobiliária é o longo ciclo de financiamento do imóvel. De 20% a 30% do valor são pagos como sinal à incorporadora, entre o lançamento e a entrega das chaves. Os restantes - 70% a 80% - são pagos depois, por meio de financiamento bancário, no maior número possível de parcelas.
“O menor prazo da construção industrializada não pode impedir o financiamento. E há soluções para isso”, afirma Hamilton Leite Jr., head da São Paulo Brain Inteligência Estratégica. Segundo ele, estão sendo estudadas propostas como financiamento de 100% do projeto, tanto para a incorporadora, como para o comprador. Ou o envolvimento de fundos privados, que aceitam mais riscos do que os bancos.
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