ESPECIAL DIA INTERNACIONAL DA MULHER
As personalidades femininas trazidas nesta matéria especial em homenagem ao Dia Internacional da Mulher são exemplos atuais de como o trabalho árduo somado as características, como sensibilidade, resiliência, persistência, foco e discernimento, resultam em uma contribuição ímpar para a evolução desses três setores, em diferentes contextos e setores produtivos
Márcia Bozza Haddad
Segundo ela, felizmente, hoje, o país vivencia uma ampliação da participação das mulheres na Construção Civil, quer nos escritórios de engenharia e de arquitetura, quer nos canteiros de obra. “Há muito pouco tempo atrás, era frequente eu ser uma das únicas mulheres participando de qualquer reunião e/ou evento da categoria. Entendo que a participação das mulheres traz uma visão mais abrangente das tarefas a serem executadas, quer por seu apuro técnico, quer por sua capacidade de atenção aos detalhes”.
Um dos desafios em sua carreira foi conciliar as tarefas profissionais e pessoais. “Infelizmente, as atividades relativas à administração da casa e as inerentes aos filhos, eram ainda de inteira responsabilidade da mulher, por mais que me rebelasse contra isso. Por esse motivo, minha opção à época foi passar o período dos filhos pequenos sem galgar possíveis funções de chefia, possibilitando assim ter mais condições de acompanhar a família”, recorda, mas para ela, essa postura não é nenhum pouco justa e talvez até inadmissível nos dias de hoje.
As experiências profissionais pela arquiteta e urbanista Raquel Sad Seiberlich Ribeiro, diretora Executiva do BIM Fórum Brasil, exigiram foco em integração das pessoas e equipes, promoção da empatia pelas partes interessadas, busca de sinergia pelas áreas. Por isso, ela pondera que a diversidade e complementariedade de visão e perfis que potencializam o sucesso das equipes. “É realmente importante colocar em pauta o tratamento com igualdade e não discriminação a toda pessoa, onde o fator decisório seja a competência para a função”.
Nesse contexto, Raquel comenta que suas energias estiveram direcionadas às pessoas, suas percepções e contribuições para identificar necessidades e transformar resultados individuais em resultado de todos os envolvidos. Um momento marcante de sua carreira foi a realização de um Roadshow BIM, à época em que era gestora dos Projetos de Inovação & Tecnologia e de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
O evento itinerante percorreu 16 capitas e o Distrito Federal, com o objetivo de apresentar as possibilidades de uso do BIM e seus respectivos benefícios e indicar a formação de um grupo de trabalho para continuidade da promoção do tema na região o que em grande parte ocorreu. “O maior aprendizado foi o positivo resultado do esforço de preparação para realização dos eventos, onde promovíamos reuniões prévias de alinhamento com as instituições parceiras locais para entender a realidade do mercado regional e a maturidade sobre o tema, somado às particularidades de costumes e culturas da região. Mais uma vez, em destaque, o grande valor de identificar as especificidades e diversidade das instituições, empresas e pessoas”.
No caso da questão institucional na área de pré-fabricados de concreto, conforme citado por Geórgia, a engenheira Íria, presidente executiva da entidade, é considera uma importante líder e referência no Brasil e no mundo, tanto é que ela foi convidada e posteriormente eleita para ser membro do Presidium da fib (Federação Internacional do Concreto), mais importante entidade mundial desse segmento. Sua atuação ativa em diversos contextos possibilita que a construção industrializada em concreto esteja em evidência, contribuindo para a disseminação de seus benefícios e ampliando o entendimento sobre sua versatilidade e aplicabilidade.
Íria Doniak
Além de Íria, a Abcic também conta com mais mulheres contribuindo para o trabalho realizado pela presidente executiva, pela diretoria e pelo Conselho Estratégico: Daliana Cabral, que auxilia na parte administrativa financeira da entidade, Jôze Ferreira, que atua na secretaria e relacionamento com associado, e Sylvia Mie, jornalista da Mecânica Comunicação Estratégica, assessoria de imprensa da entidade e agência de comunicação responsável pela edição da Revista Industrializar em Concreto.
Normalização
A presença feminina também tem bastante destaque na área de normalização. Conforme a engenheira Inês Battagin, superintendente do ABNT/CB18 – Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, a presença feminina tem crescido, mas poucas vezes sua atuação recebe o devido destaque; seja porque algumas funções de gerenciamento nem sempre são atribuídas a mulheres (como a Coordenação de Comissões de Estudo), seja pelas dificuldades impostas pela atividade, que até pouco mais de um ano era realizada em reuniões presenciais, nem sempre próximas aos locais de trabalho de alguns participantes.
“Neste período de pandemia, essa participação tem sido ainda mais expressiva a participação feminina nas Comissões de Estudo e Grupos de Trabalho de Normalização, tendo-se eliminado dificuldades e custos com deslocamento, bem como possibilitado um frequente e saudável networking para o desenvolvimento de normas”, pontua Inês.