PONTO DE VISTA
Finalmente, temos o IoT (internet das coisas), que vai permitir para a construção entender o desempenho do produto em uso, melhorando qualidade dos produtos, compreender o que o usuário de fato precisa e valoriza. Tem ainda um grande potencial em monitorar o bem estar do usuário, colaborando em diagnósticos médicos, acompanhamento de idosos, gerenciamento de segurança, produção de energia, qualidade da água e do ar, etc. A doutoranda Luana Sato está buscando oportunidades, onde o IoT pode ajudar as pessoas e as empresas.
Como o Sr. avalia a pré-fabricação de concreto para o desenvolvimento e crescimento sustentável da construção brasileira?
O setor de pré-fabricados de concreto tem muito espaço para crescer, particularmente no setor de edifícios altos e torres eólicas. O grande desafio é conseguir ganhos de produtividade e escala. Novos paradigmas de projeto da construção modular podem ser um caminho, pois implicaria na oferta de produtos padronizados em larga escala e montados, com custo competitivo. Só o fato de eliminar a necessidade de reprojetar a estrutura concebida para concreto convencional já é uma vantagem enorme.
Mas, do ponto de vista tecnológico, a principal barreira é o peso dos pré-moldados tradicionais, o que pode ser resolvido com o desenvolvimento de concretos com resistência muito alta – um quase UHPC – mais competitivo, de fácil processamento, baixo impacto ambiental e menor custo.
Por outro lado, a digitalização da industrialização da construção inclui a fábrica, com a automação simples até uma robotização mais sofisticada, o uso de impressoras 3D, que acredito vai ser máquina da indústria e não dos canteiros, e “routers”. Mas, será necessário combinar com novas ferramentas de projeto paramétrico para fazer peças (ou formas) de geometria complexas customizadas, que permitirá criar e produzir produtos sofisticados em curto prazo e baixo custo.
A digitalização vencerá porque implicará em ganhos de produtividade do projeto à impressão, com produtos customizados, abrindo novos mercados, onde a industrialização hoje não é competitiva. As novas ferramentas digitais permitirão gerar produtos sofisticados em termos de estética, com gradação funcional de propriedades (por exemplo resistência e permeabilidade), geometria geradas por otimização topológica para reduzir massa, ou impacto ambiental, que são impensáveis em canteiros ou na construção convencional.
Os desafios para uma impressão 3D (ou 2,5D) comerciais incluem velocidade, acabamento e reforço de aço (mais complicado). O desenvolvimento de “tintas” cimentícias de baixo impacto ambiental ainda está por vir. O controle de retração e fissuração é outro problema. Mas estamos avançando rapidamente e as oportunidades ainda são enormes.
Poderia comentar a importância da Abcic para a disseminação da pré-fabricação em concreto no país e para a industrialização da construção?