PONTO DE VISTA
Outros temas que estão se elucidando por agora são: a facilidade de integração e compatibilidade entre os diversos sistemas off-site, onde no canteiro essas soluções são consideradas “friendly” entre si; e o fato de que a arquitetura contemporânea está cada vez mais enxergando a sinergia com a construção industrializada, encontrando alternativas que componham a questão estética com os benefícios econômicos da industrialização.
Nesse sentido, como o Selo de Excelência ABCIC tem ajudado no desenvolvimento do setor?
Sem dúvida, o Selo de Excelência tem ajudado; ele é fundamental para a evolução do setor. Não é a busca de um atestado de capacidade técnica e, sim, uma maneira de pavimentar o caminho de desenvolvimento tecnológico para novos entrantes. Tem o papel de garantir um padrão mínimo de responsabilidade construtiva, o que remete à alta capacidade técnica que temos no setor.
Temos um desafio importante de democratizar mais o Selo, fazendo os fabricantes e os cliente enxergarem o valor da ferramenta para o futuro das suas indústrias e o desenvolvimento do setor. Certamente, a agenda ESG deve nos permitir avançar na evolução do nível III, onde a declaração ambiental de produto já é uma realidade em mercados internacionais, e eventualmente desenvolver o nível IV, voltado para contribuir no sentido de melhor governança das companhias.
A ABCIC tem participado de diferentes contextos institucionais e governamentais. Como essa atuação contribui para o crescimento da construção industrializada de concreto no país?
A participação ativa da ABCIC é um fato. Temos procurando sempre ocupar espaços, entender os movimentos, avaliar as tendências e potencializar o desenvolvimento, em aliança com outras instituições setoriais e governamentais. Nosso lema ao longo dos anos tem sido “ninguém faz nada sozinho”.
Como já citei anteriormente, temos muitas pautas importantes. Um exemplo é que unidos com outras entidades, através do GT Construção Industrializada, já avançamos muito, sensibilizando e mobilizando o governo para o tema da industrialização e promovendo ações conjuntas; como o recente edital que engloba BIM, coordenação modular e industrialização. No contexto internacional, atuamos junto à Comissão 6 da fib (International Federation for Structural Concrete), que reúne experts de todo o mundo e nos possibilita monitorar tendências internacionais e construir relacionamentos, que têm sido fundamentais para estruturar nossas Missões Técnicas, que nos auxiliam sobremaneira a pensar globalmente e agir localmente.
A ABCIC completou 20 anos de trajetória bem-sucedida. O que esperar para a próxima década?
Sem dúvida existe a expectativa de um crescimento expressivo da industrialização, e com isso temos o papel de fazer a manutenção da atuação que nos trouxe até aqui, porém a associação deve evoluir no mapeamento e qualidade dos dados setoriais, a fim de suportar o associado nas melhores estratégias de crescimento, ajudando-os a surfar essa onda.
Algo que sempre me vem à cabeça é a comoditização da engenharia em alto padrão de qualidade, uma vez que o BIM deve evoluir a passos largos nos próximos 10 anos e nesse cenário os artigos técnicos e as normalizações evoluídas ao longo dos anos devem ficar mais acessíveis a todos, reduzindo o gap desse tema entre empresas mais maduras e os novos entrantes.
Quais aspectos serão reforçados em sua gestão? Qual o legado que pretende deixar para o setor?
Sou o Presidente do Conselho Estratégico mais jovem da história da associação. Portanto, não posso deixar de levantar a bandeira da inovação. Porém, como faço parte da terceira geração de uma das famílias pioneiras na industrialização da construção civil no Brasil, sei da importância de manter a consistência do comportamento ao longo do tempo, atitude que trouxe a ABCIC ao patamar de respeitada entidade do setor da construção e reconhecida por sua capacidade estratégica.