DE OLHO NO SETOR
A atuação de mulheres no setor têm aumentado na última década, mas ainda há muitas oportunidades em diversos segmentos para alavancar a participação feminina, desde a área de projetos com o sistema construtivo, passando pela operação e liderança nas indústrias, nos fornecedores e construtoras até o trabalho no canteiro de obras
Experiência das mulheres na indústria
A engenheira civil Íris Laís dos Santos, responsável pelos setores de logística, montagem e obras da Antares, pondera que a presença de mulheres na engenharia e na operação têm um impacto positivo no ambiente de trabalho, trazendo diferentes perspectivas, aprimorando processos e agregando novas soluções para os desafios diários.
“O trabalho em conjunto entre homens e mulheres no setor de pré-fabricados acontece de maneira integrada, com respeito e colaboração mútua. A presença feminina agrega organização, detalhamento e uma abordagem diferenciada na resolução de problemas, complementando a atuação dos demais profissionais. Essa diversidade fortalece as equipes e contribui para um ambiente mais equilibrado e produtivo”, enfatiza Íris.
Ela gerencia equipes, coordena cronogramas e busca constantemente otimizar processos para garantir eficiência e qualidade. "Trabalhar na engenharia civil, um setor onde a maioria ainda são homens, sempre foi um desafio extra. Mas, para mim, isso nunca foi uma barreira. Pelo contrário, é uma motivação a mais para mostrar meu valor, minha competência e o porquê de estar aqui. Minha atuação diária é a prova de que liderança não tem gênero, tem preparo, esforço e resultados”, salienta.
O dinamismo da rotina e a necessidade de soluções ágeis tornam o trabalho ainda mais desafiador e gratificante, segundo Íris, pois cada obra exige planejamento estratégico, tomadas de decisão rápidas e alinhamento entre todas as equipes para que os resultados sejam alcançados com excelência.
A engenheira projetista Marisa Kreis Hoffmann, atualmente, líder da área de engenharia da Cassol Pré-Fabricados, iniciou sua carreira há quase 29 anos como desenhista e foi crescendo junto com a empresa. “Percebo o quanto a presença da mulher é essencial, principalmente pelo senso de organização mais apurado”, pontua.
Marisa começou a estruturar as bibliotecas padrão da Cassol, a definir configurações de pena, organizar os carimbos e a garantir que todos os projetos seguissem um padrão, a partir do momento em que assumiu a liderança do processo. Também é a responsável pelo arquivamento de todo o acervo de projetos da companhia, ou seja, projetos de décadas atrás estão organizados.
Ao liderar uma equipe de nove pessoas, incluindo três mulheres, que são fundamentais na organização, ela reflete que, na maioria das vezes, as mulheres têm um olhar mais atento aos detalhes e são capazes de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Uma jovem aprendiz auxilia Marisa na criação de um banco de dados para organizar todas as informações da empresa – nome das obras, metragem, pavimentos. “Estamos alimentando uma planilha completa para facilitar o uso futuro desses dados. Os homens da equipe são igualmente importantes, claro. Mas, na parte de gerenciamento, percebo um senso maior de cuidado e responsabilidade das mulheres”, explica.
Uma das afirmações que trazem orgulho ao seu coração é ouvir, principalmente, das meninas: “Quando eu crescer, quero ser como você”. “Ao mesmo tempo, é uma grande responsabilidade, porque sei que sou um espelho para elas. Por isso, busco sempre ser a melhor versão de mim mesma, dando o meu melhor todos os dias. E acredito que a hierarquia deve ser horizontal – quero que todos estejam no mesmo nível, pois assim aprendemos juntos”, finaliza.
"A minha experiência me mostrou que a presença feminina na liderança contribui para a comunicação aberta e diversidade de pensamentos, o que pode resultar em soluções mais eficazes e criativas para os desafios enfrentados pela empresa. Além disso, as mulheres frequentemente priorizam a empatia e a inteligência emocional, resultando em um ambiente mais confortável para trabalhar em conjunto”, afirma Mariana Ferreira, coordenadora de PCP da Marka, responsável pelo planejamento da produção para garantir eficiência, qualidade e cumprimento de prazos.