ARTIGO TÉCNICO
Foto 7: Viaduto Anhanguera
A questão do prazo de apenas seis horas em que se poderia trabalhar no canteiro do viaduto não era o único problema. O tempo era suficiente, mas a montagem envolveu outros desafios, pois no local havia, além da rodovia, algumas vias marginais, redes de gás, de fibra ótica, drenagem, entre outros. Diante desse cenário, foi definido que as vigas e todas as peças menores fossem pré-fabricadas em unidade fabril e transportada para a obra apenas no dia da montagem, uma vez que não havia espaço para estacionar as carretas a não ser com o fechamento das vias marginais.
Definido esse ponto, os gestores da obra se debruçaram sobre outra questão crucial para a montagem das estruturas pré-fabricadas do viaduto: a escolha do equipamento. Assim, optou-se por utilizar um guindaste de esteiras, com lança telescópica, que no momento mais crítico chegou a operar a menos de 3 metros da rede de alta tensão. Dois outros guindastes operaram simultaneamente em cada uma das marginais da rodovia para, em duas madrugadas seguidas, finalizar o trabalho mais pesado. Concluída a montagem das peças dos tabuleiros sobre as marginais, seguiu-se a montagem das vigas longarinas sobre as vias expressas, com 40,15m de comprimento e 78t de peso. Para montagem destas vigas, o trânsito foi modificado para o inverso da montagem anterior, com fechamento das vias expressas e deslocamento dos veículos para a via marginal, aproveitando o mesmo desvio executado anteriormente, com ajustes na sinalização, num período de feriado devido ao menor fluxo veículos na região.
As vigas de 78 toneladas foram transportadas ao local de montagem com o uso de três conjuntos de transportadores de linha de eixo que deslocavam até a via expressa cruzando para a via marginal após a paralisação da via pela Polícia Rodoviária. Após o cruzamento da via, as carretas tinham de ir até o local da montagem de ré, numa operação cuidadosa e lenta. Foi necessário ainda um cuidado extra no transporte, com o uso de um sistema de vagonamento lateral na peça, de modo a evitar que os esforços causados pela redução do ângulo do cabo causassem torsão com danos nas longarinas.
Por fim, na data programada, às 12 horas foi iniciada a operação de montagem dos tabuleiros sobre as vias expressas, com o fechamento do tráfego para a montagem do guindaste de 750 toneladas, que montou, até às 15 horas do dia seguinte, 10 vigas e 704 pré-lajes, com mínimos impactos aos usuários da rodovia e também para quem vive ou trabalha no entorno.
Muitas vezes, o principal desafio na montagem de obras com estruturas pré-moldadas está no peso das peças. Foi esse o caso do viaduto com superestrutura em pré-moldado para passagem superior sobre a Rodovia Presidente Dutra, na altura do km 99, na entrada de Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba. Para vencer os 50 metros de vão foi necessária a instalação de vigas pré-moldadas pesando 142 toneladas.
A montagem das estruturas do viaduto ainda apresentou outro desafio. Foi observado que o solo no local não tinha resistência suficiente para suportar a colocação de guindaste sobre esteiras para o lançamento das vigas. Seria necessário um grande reforço do solo. Devido à grande dimensão das vigas sua pré-fabricação foi realizada num pátio implantado a 50 metros do local de sua montagem, pois mesmo com o solo mole a utilização de conjuntos transportadores distribuiria a carga em vários eixos e o solo suportaria. Para impulsionar o conjunto transportador foi dimensionado um equipamento especial.
Para o içamento das vigas foram dimensionados um guindaste sobre pneus com capacidade de 500 toneladas e que foi montado na pista 2 no sentido Norte da Dutra, deixando o tráfego fluir na pista 1. Outro guindaste de 750 toneladas foi instalado no acostamento lateral da pista Sul, deixando o tráfego fluir nas faixas 1 e 2. A montagem ocorreu em duas noites, com o lançamento de três vigas por noite, sendo que o trânsito foi totalmente interrompido somente por 20 minutos apenas no momento de colocação das vigas.