INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
Solução construtiva sempre é avaliada na etapa de projeto e tem sido cada vez mais empregada em obras de infraestrutura rodoviária e de mobilidade urbana, contribuindo de forma direta para a redução do prazo, de custos, do período de interferência nas operações, de desperdícios e de exposição a riscos de segurança no ambiente da obra
Para garantir que, após todo o processo de usinagem do EPS e pré-fabricação do concreto, a superfície estivesse compatível com o modelo, utilizou-se um equipamento laser scanner, que coletava uma nuvem de pontos coordenados da superfície do concreto (em torno de 1,5milhão de pontos) e transformava esta nuvem em uma imagem de mesma linguagem que o modelo matemático. A imagem real e a virtual eram sobrepostas, resultando em um mapa de cores que possibilitava a análise de divergências. O limite ideal de divergência entre as imagens era +/- 1mm, com aceitação de desvios de até +/-5mm.
BRT Salvador
Cliente: Prefeitura de Salvador
Construtora: Consórcio BRT Salvador
Volume de concreto: 3.441,41m³
Tipo de peças: Vigas protendidas
Projeto Estrutural: Consórcio BRT Salvador
Indústria de Pré-Fabricados: T&A Pré-Fabricados
Período de execução: 8 de abril de 2019 a 18 de maio de 2020
O trajeto de 142 quilômetros da fábrica até o canteiro foi vencido com uso de carretas in loader. Outro desenvolvimento exclusivo do projeto foi um rack especial de estocagem, que permitia ser desconectado em campo, e iniciar uma nova coleta na fábrica. A montagem das peças ocorria com a movimentação das peças do Rack até a posição horizontal com uso de um guindaste de 160TN.
Mobilidade urbana
A pré-fabricação em concreto também tem sido aplicada em obras de mobilidade urbana, como metrôs, trens e BRT (Bus Rapid Transit), e projetos para o melhor acesso aos meios de transporte. O uso do sistema construtivo é importante para atender as demandas da sociedade, que passa boa parte do tempo no trânsito. Segundo um estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) 36% da população de grandes áreas urbanas passa mais de 1 hora diária no transporte, sendo que 8% das pessoas gasta mais de 3 horas se locomovendo para realizar suas atividades de trabalho e estudo, e 7% ficam entre 2 a 3 horas por dia nos trajetos diários.
Para equiparar as quinze principais regiões metropolitanas brasileiras às melhores cidades em termos de transporte urbano na América Latina – Cidade do México e Santiago – é preciso investir R$ 295 bilhões até 2042, de acordo com informações da CNT. Desse total, R$ 271 bilhões precisariam ser destinados para expansão de linhas de metrô, R$ 15 bilhões para ampliação das estruturas de rede de trens e R$ 9 bilhões para aumentar as estruturas de BRTs.
Nesse sentido, o uso do pré-fabricado de concreto está em plena ascensão. “Para obras enterradas, como metrô, parece de início uma aplicação complexa, mas essa ideia tem evoluído, partindo é lógico, dos anéis do Schield e das paredes diafragma pré-moldadas, ambas já em uso, especialmente os anéis. Percebemos que muitas partes internas, especialmente das estações, como escada, divisórias, pisos especiais, poderiam ser pré-fabricados e usados repetidas vezes, não só na estação de origem, mas também nas outras da mesma linha. Essa ideia está começando a ser aplicada”, avalia Stucchi.
O pré-fabricado de concreto apresentou na obra maior agilidade, já que os elementos chegaram ao canteiro prontos para montagem, a execução de outras etapas da obra de forma paralela
Em seus projetos, Stucchi já utilizou paredes diafragma pré-moldadas no Anhangabaú, bem como no básico da Estação Ana Rosa. Na canalização do córrego Rincão, próximo ao metrô Penha, foram utilizadas paredes diafragma e aduelas de galerias, obras enterradas mais simples. “O uso de anéis de Schield pré-moldados temos adotado com frequência, no lugar dos anéis de aço, como no básico da linha 15 ou da linha 19, ou no conceitual da linha 20”, conta. Sobre o recheio das estações, Stucchi diz que foi proposto o uso da industrialização no projeto executivo das Estações e VSEs da linha 6, mas com a saída das construtoras brasileiras e entrada da Acciona, pela pouco experiência nas condições paulistanas, esse uso foi bem reduzido, às lajes alveolares das plataformas e ao edifício de controle, infelizmente”, lamenta.