Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 36 - dezembro de 2025

INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

Prêmio Obra do Ano 2025: uma homenagem à sustentabilidade, ousadia, versatilidade e estética do pré-fabricado de concreto

Um dos grandes destaques da obra foi a capacidade de conciliar um nível extremo de customização com uma solução totalmente industrializada. Houve centenas de peças únicas, todas diferentes entre si, mas fabricadas em um processo industrial padronizado e preciso

Comitê do Júri elege 10 obras que retratam a vanguarda do sistema construtivo no país. São projetos que comprovam a capacidade do setor em atender às principais demandas de construtoras, projetistas de estruturas e escritórios de arquitetura em relação à criatividade, funcionalidade, durabilidade, qualidade, segurança e redução do impacto ambiental das construções

O mercado de pré-fabricados de concreto no Brasil está em constante evolução, com o objetivo de apoiar a construção civil em sua jornada de produtividade e sustentabilidade, atendendo aos desafios do projeto estrutural, que requer precisão, conhecimento técnico e desempenho, às exigências do projeto arquitetônico, que prevê soluções criativas e inovadoras, e às solicitações das construtoras e dos clientes, como cumprimento de cronogramas, previsibilidade e redução de custos.
Esse desenvolvimento está retratado nas obras homenageadas pelo 14º Prêmio Obra do Ano em Pré-Fabricados de Concreto, uma iniciativa e realização da Abcic, promovida no dia 27 de novembro, em São Paulo. O Comitê do Júri selecionou projetos nas categorias Edificações, Fachadas Pré-Fabricadas de Concreto, Infraestrutura e Pequenas Obras, que ressaltaram a versatilidade do sistema construtivo para superar desafios de projeto, de execução e de montagem, entregando construções com diferentes finalidades.
Nesta edição, o Destaque do Júri — concedido pelo Comitê para obras excepcionais por sua magnitude ou complexidade, que se sobressaem independentemente de sua categoria, sendo, portanto, os projetos de maior relevância no âmbito do Prêmio — foi atribuído à modernização do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, considerado um dos marcos da arquitetura esportiva brasileira.
Inaugurado em 1940 e tombado pelo patrimônio histórico, o estádio passou por uma transformação estrutural em 2023, com o objetivo de modernizar suas instalações e ampliar os usos possíveis de seus espaços, preservando a geometria e a identidade arquitetônica originais. O projeto arquitetônico da modernização, assinado por Sol Camacho, da Raddar, foi um dos vencedores do AR Future Projects Awards, promovido pela revista britânica The Architectural Review.

Destaque do Júri: 

Modernização do Pacaembu

Localização: São Paulo, São Paulo
Área construída: 44.000 m²
Construtora: Progen Projetos e Gerenciamento
Início da obra: Novembro de 2022
Término da obra: Janeiro de 2024
Arquiteto: Sol Camacho (Raddar)
Projeto Estrutural: José Martins Laginha Neto (GTP) e Vitor Faustino Pereira (Estrutural Engenharia de Estruturas)
Empresa pré-fabricadora: Cassol Pré-Fabricados
Volume de concreto pré-fabricado: 8881 m³


A Cassol Pré-Fabricados foi responsável pela execução da nova estrutura em concreto pré-fabricado, que contemplou as arquibancadas leste e oeste e o Edifício Multifuncional (EDM). O desafio principal consistiu em converter uma estrutura construída majoritariamente no terreno, com formas sinuosas e não padronizadas, em um sistema completamente industrializado — mantendo a estética original e introduzindo soluções técnicas de alta complexidade.
O projeto estrutural, de autoria dos engenheiros José Martins Laginha Neto, do GTP – Grupo Técnico de Projetos, e Vitor Faustino Pereira, da Estrutural Engenharia de Estruturas, precisou manter a geometria original das arquibancadas, característica marcante do Pacaembu, o que exigiu um nível elevado de customização da estrutura pré-fabricada. A conformação das arquibancadas, originalmente moldadas sobre o talude natural do terreno, apresentava variações contínuas de curvatura e de inclinação.
“Foi necessário desenvolver 130 vigas jacaré distintas e cerca de 400 modelos de degraus distintos, todos personalizados. A solução veio com o gabarito metálico deslizante, que permitiu padronizar a base e ajustar as variações superiores com precisão, garantindo a produção e a montagem sem retrabalho”, destaca Tiago Calovi Severo, diretor comercial da Cassol Pré-Fabricados.
A logística também representou um desafio significativo, pois a obra, localizada na região central de São Paulo, está situada em uma Zona de Restrição de Caminhões. A solução encontrada pela Cassol foi um plano logístico detalhado, aprovado pela CET, com controle de fluxo de carretas entre a Marginal Tietê e a Praça Charles Miller.
“No edifício multifuncional, as variações entre o executado e o projetado na parede diafragma exigiram ajustes precisos em campo, além do içamento de guindaste na escavação para permitir a montagem em profundidade. Por fim, para atender ao prazo, substituiu-se a fundação moldada in loco por sapatas pré-fabricadas, reduzindo várias etapas de obra e acelerando o cronograma”, explica Severo.
O maior destaque da obra, na visão de Severo, é a capacidade de conciliar um nível extremo de customização com uma solução totalmente industrializada. Houve centenas de peças únicas — vigas, degraus e encaixes — todas diferentes entre si, mas produzidas em um processo industrial padronizado e preciso. “Essa combinação de formas irregulares, exigência estética, complexidade estrutural e eficiência de montagem é rara e diferencia o projeto de outros. A aplicação de conceitos avançados de engenharia foi fundamental para alcançar esse resultado”, ressalta.
Os principais benefícios da industrialização em concreto para a modernização do Pacaembu começaram pela precisão dimensional e pela montagem sem retrabalho, decorrentes da produção dos elementos em ambiente controlado.
“A industrialização reduziu drasticamente o prazo de execução ao substituir processos artesanais — de forma, armadura e concretagem — por peças prontas para instalar, como no caso das sapatas pré-fabricadas. Houve também ganho expressivo em qualidade, com concretos especiais e aditivos que garantiram desempenho impermeável em peças muito delgadas, como os degraus de 11 cm. Além da segurança e da previsibilidade de montagem, a industrialização permitiu soluções mais sustentáveis, com redução de peso, menor consumo de materiais e maior durabilidade das estruturas. Isso também viabilizou vãos livres de 16 metros e flexibilidade de usos sob as arquibancadas, ampliando o aproveitamento do espaço”, explica Severo.

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