Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 6 - dezembro de 2015

ARTIGO TÉCNICO

Propriedades dos concretos auto-adensáveis – possibilidades de diferenças com relação aos vibrados de mesma classe de resistência


Analisando os resultados de ensaios de concretos com agregados graúdos de cascalho ou de granito e basalto britados e resistência à compressão entre cerca de 20MPa e 90MPa, Kliszewicz e Ajdukiewicz (2002) constataram a variabilidade do módulo para concretos de mesma resistência à compressão e mesmo tipo de agregado graúdo e diferenças maiores que 40% entre os módulos de concretos de mesma resistência mas com agregados de basalto e granito, que foram os concretos com maior e menor módulo, respectivamente. Os concretos com agregados de granito foram os que tiveram módulos sempre menores que os dados pela equação da EN 1992-1-1:2004, podendo a diferença ser da ordem de 30%. A importante influência de agregados graúdos provenientes da britagem de diferentes tipos de rocha (basalto, diabásio, calcário, etc.) no diagrama tensão normal de compressão-deformação específica e no módulo de elasticidade de concretos com resistência à compressão entre cerca de 65MPa e 90MPa foi também mostrada por Aulia e Deutschmann (1999).
O maior teor de pasta e o menor de agregados graúdos nos CAA levam à expectativa de que eles tenham menor módulo de elasticidade que os CV. Entretanto, como o maior teor de partículas finas tende a fazer com que os CAA tenham maiores homogeneidade e refinamento da estrutura de poros, bem como menor espessura da zona de transição que os CV, os módulos de CAA e CV de mesma classe de resistência podem não ser muito diferentes, apesar do maior teor de pasta dos CAA. Ressalte-se que a ausência de vibração pode também melhorar as características da zona de transição dos CAA.
Na literatura são descritos estudos chegando a diferentes conclusões com relação aos módulos de CAA e CV de mesma resistência à compressão. Alguns obtiveram módulos para esses concretos com pequenas diferenças (Persson, 2001; Parra, Valcuende e Gómez, 2011), outros constataram módulos em torno de 20% menores para os CAA (Holschemacher e Klug, 2002) ou mesmo diferenças maiores (Domone, 2007).  Essas diferenças parecem estar associadas aos teores de agregados graúdos e teores e tipos de finos usados nos concretos e tendem a ser menores para os concretos de alta resistência.
Atahan, Trejo e Hueste (2007) ensaiaram CV e CAA produzidos com agregados graúdos de cascalho ou calcário britado para idades variando de 16h a 90 dias, obtendo resistências à compressão entre cerca de 35MPa e 115MPa. Para a mesma resistência, os CV e CAA com cascalho tiveram maior módulo que aqueles com calcário e os CAA tiveram menor módulo que os CV com mesmo tipo de agregado, sendo que nos com cascalho observaram-se maiores diferenças (da ordem de 20%).
Nos elementos pré-fabricados, é comum fazer-se cura térmica para acelerar o ganho de resistência do concreto. Estudo de Kim, Han e Song (2002) envolveu concretos com diferentes tipos de cimento, curados a diferentes temperaturas (entre 10ºC e 50ºC), que foram ensaiados com idades entre 1 dia e 28 dias. Nele concluiu-se que, embora as propriedades em si variem, as relações entre resistência à compressão e módulo de elasticidade e entre resistência à compressão e resistência à tração por compressão diametral são pouco afetadas pela temperatura de cura, pelo tipo de cimento e pela idade dos concretos. 
Embora deformações decorrentes de cargas e protensão não dependam só do módulo de elasticidade do concreto, a mellhor estimativa dessa propriedade possibilita melhor avaliação de contra-flechas, deformação lenta e perdas de protensão. Curvas como a vista na figura 2, obtidas para os concretos produzidos numa determinada região ou indústria de pré-fabricação, podem ser importante instrumento para avaliar mais realisticamente o comportamento de elementos estruturais de concreto sem e com protensão.
Pode-se diminuir a frequência de ensaios de módulo de elasticidade estático de acordo com a ABNT NBR 8522:2008, obtendo o módulo a partir do ensaio de velocidade de propagação de ondas ultrassônicas no concreto feito segundo a ABNT NBR 8802:2013 e de correlações entre o módulo e a velocidade de propagação de ondas ultrassônicas previamente obtidas para os concretos normalmente usados. Esse ensaio é não destrutivo, pode ser feito nos mesmos corpos de prova usados posteriormente para o de resistência à compressão e é de execução bem mais rápida que o de módulo. Procedimentos para chegar a essas correlações são revistos por Machado (2005) e a figura 3 mostra a correlação obtida para os mesmos concretos cujos módulos são mostrados na figura 2. Na figura 3, as curvas tracejadas representam os limites inferior e superior do intervalo de predição de 95%.
A deformação lenta e a retração do concreto estão entre os fatores dos quais dependem a deformação de elementos estruturais e a perda de protensão.
Como a deformação lenta e a retração ocorrem na pasta, o aumento do volume de pasta no concreto tende a aumentá-las. Por outro lado, o aumento do volume e do módulo de elasticidade dos agregados graúdos tende a diminuí-las. 

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