Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 36 - dezembro de 2025

DE OLHO NO SETOR

Seminário da Abcic e fib no 66º Congresso Brasileiro do Concreto reforça a importância da sustentabilidade e da tecnologia para a engenharia global

Palestras magnas
As duas primeiras palestras magnas foram ministradas pelos membros do fib Presidium, Stephen Foster (presidente anterior) e Agnieszka Bigaj Van Vliet (vice-presidente). Foster falou sobre o futuro da infraestrutura de concreto com materiais sustentáveis, trazendo dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre as mudanças climáticas e seus impactos sociais, ambientais e para o planeta. O cimento representa 4,1% das emissões globais de gases de efeito estufa. No caso do concreto, o volume de CO2e atinge 0,13 por tonelada. “Há diferentes formas de descarbonizar, como o reuso, a substituição, a desmaterialização, o sequestro e a captura. Mas todas possuem desafios e um preço maior do que as opções atuais”, afirmou. 
Na Austrália, a estimativa é reduzir 79% das emissões de CO2 de 2019 a 2050. “Temos a possibilidade de fazer essa remoção, aumentando ainda mais o uso de energias renováveis, maximizando o uso de edificações já existentes e construindo de forma inteligente, como foi o caso da Quay Quarter Tower, em Sidney, que passou por um retrofit. Mas, é importante lembrar que é necessário ter normas para dar suporte para dar novos padrões para estruturas já existentes”, exemplificou.
Em sua apresentação, trouxe ainda casos de substituição de materiais com menor teor de carbono, de estruturas com menor consumo de material e da aplicação de concreto de ultra-alto desempenho. Comentou sobre a normalização australiana para dar respaldo a essas inovações. Por fim, refletiu sobre a necessidade de investir imediatamente em tecnologia e inovação para atingir os objetivos de neutralidade de carbono. 
A palestra de Agnieszka focou no avanço das estruturas de concreto a partir das orientações de sustentabilidade e da abordagem baseada em desempenho estabelecidas pelo fib Model Code 2020, refletindo que a forma de se projetar, construir e operar as edificações é determinante para lidar com as mudanças climáticas, que possuem um impacto multidimensional, sendo um grande desafio para os engenheiros projetistas de estruturas, ao mesmo tempo em que demanda a participação ativa dos governos para alcançar as metas propostas. 
Na Holanda, por exemplo, o objetivo é reduzir as emissões em 55% até 2030, tornar todos os novos edifícios com emissões líquidas zero até 2030 e reduzir em 50% o uso de matérias-primas. “Esse mesmo compromisso se reflete no trabalho da fib, cujo roteiro indica como a comunidade global do concreto pode contribuir para um ambiente construído mais sustentável”, disse. Com 900 páginas, o MC 2020 tem por base a inovação para neutralidade de carbono e circularidade, uma abordagem focada em desempenho e a promoção de decisões efetivas para estruturas sustentáveis, pois para resolver problemas complexos é necessário considerar a sustentabilidade de maneira integrada. 
Ela comentou sobre a estrutura do documento, os princípios fundamentais e os novos conceitos, destacando as inovações em materiais, a avaliação das estruturas existentes, as intervenções nessas estruturas e o futuro da normalização na Europa. “O objetivo do MC 2020 é ser uma inspiração e uma fonte de informação para ser utilizado pelos redatores da norma. Foi redigido de forma aberta, indo além das abordagens convencionais”, concluiu. 

Seminário Abcic e fib
Na sequência, a Abcic e a fib promoveram o Seminário “Temas Centrais relacionados ao Código Modelo da fib - MC 2020, normas internacionais e sustentabilidade”, que trouxe uma contribuição fundamental para a engenharia de concreto, por meio das reflexões e avaliações de nove especialistas nacionais e internacionais, que atuam na fib, seja no presidium, na delegação nacional, nas comissões e no Young Members Group, sobre a importância da tecnologia e da sustentabilidade para o futuro sustentável do setor. 
A engenheira Íria, coordenadora do Seminário, ressaltou a oportunidade relevante de reunir diversos especialistas em engenharia do concreto do mundo e agradeceu a participação de todos os palestrantes e congressistas. O engenheiro espanhol David Fernandez Ordóñez, secretário geral da fib, apresentou um panorama geral da atuação da entidade, destacando a participação da delegação brasileira, cujo o head é o engenheiro Fernando Stucchi, na fib, bem como a atuação de Íria, como presidente da federação, e do engenheiro Marcelo Melo, chair da fib Young Members. “O Brasil é muito ativo e importante para a fib e estamos abertos a incorporar profissionais e pesquisadores ao grupo”, disse.
A primeira apresentação foi proferida por Marco di Prisco, professor na Politécnica de Milão, que tratou da questão do concreto reforçado por fibras no âmbito do Código Modelo da fib 2020 e do futuro sustentável das estruturas de concreto. “Embora a estrutura de concreto seja a raiz de muitos problemas, não é necessariamente o grande vilão, especialmente quando comparada aos outros desafios enfrentados pelo setor. Na realidade, temos opções simples e essenciais para especificar serviços e materiais, o que pode elevar o desempenho, melhorar os indicadores e tornar o concreto mais sustentável”, afirmou. 

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