DE OLHO NO SETOR


O professor citou uma fala do engenheiro Aurelio Muttoni, que disse que a receita para a sustentabilidade das estruturas até 2030 é economizar até 30% do volume de concreto e utilizar 30% menos de concreto, otimizando a estrutura.
Sobre o concreto reforçado com fibras, di Prisco explicou que, no que tange aos mecanismos de resistência, a resposta do material depende do modo como as fibras são incorporadas. A distribuição das fibras influencia diretamente o desempenho, especialmente após a fissuração do concreto. Com 40 kg/m³ de fibras de aço, há cerca de 5 dm³ de fibras no traço, e a redução do diâmetro das fibras pode favorecer uma melhor distribuição e, consequentemente, melhores resultados na estrutura.
“O aumento da quantidade de fibras, por exemplo, pode mudar significativamente o comportamento do concreto, tornando-o mais flexível e redundante, o que melhora o desempenho estrutural. As fibras representam uma solução sustentável para estruturas de concreto, pois permitem reduzir o consumo de aço e de concreto, melhorando a rigidez e, em certos casos, a durabilidade. A fadiga, entretanto, ainda é um desafio, pois depende de relações específicas de rigidez”, explicou di Prisco.
O professor italiano comentou sobre testes desse material com resistências de 10, 12 e 14 MPa e mencionou o caso do edifício comercial In Como, na Itália, que demonstra a possibilidade de utilizar reforço convencional com pequenas adições de fibras, resultando em estruturas mais eficientes e com menos fissuras.

O concreto reforçado com fibras também tem se destacado em obras de infraestrutura, como pontes curvas, onde o uso da tecnologia garantiu maior resistência, durabilidade e desempenho em incêndios. Em projetos de protensão, as fibras mostraram bom impacto ambiental, dispensando reforços adicionais em certas situações. “A primeira ponte italiana construída com concreto reforçado de fibras ilustra os benefícios econômicos da tecnologia: o custo total da obra ficou em 2.500 euros por metro quadrado, sendo que a fibra representou apenas 60 euros por metro quadrado — ou seja, 2,4% do valor total da obra”, exemplificou.
Mercado americano de pré-fabricados
O engenheiro Larbi Sennour, presidente do CEG International, falou sobre a aplicação de estruturas pré-fabricadas de concreto nos Estados Unidos e sobre a normalização do setor. Atualmente, o mercado americano de pré-fabricado de concreto movimenta cerca de US$ 7,5 bilhões apenas no segmento estrutural. Quando incluídas as demais aplicações, o valor atinge US$ 21,3 bilhões.
Com aproximadamente 265 plantas industriais, que produzem desde paredes e elementos duplo T — capazes de atingir 20 metros de comprimento — até escadas, colunas, vigas e produtos secundários voltados para diferentes tipos de edificações, o setor tem como um os principais mercados as garagens e estacionamentos, hotéis, estádios e estruturas residenciais, onde o sistema duplo T é amplamente utilizado. A preferência por sistemas abertos, compostos por vigas, colunas e painéis, proporciona grande flexibilidade arquitetônica. Além das aplicações acima do solo, os pré-moldados também têm forte presença em infraestruturas subterrâneas, como tubulações e galerias técnicas, um segmento que supera em volume o próprio mercado estrutural.
No contexto normativo, os Estados Unidos adotam regulamentos rigorosos para o projeto de concreto. As principais normas são o ACI 318-19 (American Concrete Institute) para projetos estruturais e o ASCE 7-16 (American Society of Civil Engineers), para cargas de vento e sismos. Para o setor de pré-fabricados utiliza como referência o PCI MNL-120, um manual técnico publicado pelo Precast/Prestressed Concrete Institute (PCI) — mas que não possui força de código. Desde 2017, iniciou-se o desenvolvimento do novo código ACI-PCI 319-25, que está prestes a ser lançado e legalizado, tornando-se obrigatório para projetos de concreto pré-moldado.
“A necessidade de uma norma específica para pré-moldados decorre da ausência de diretrizes claras para as conexões entre elementos. Os pré-moldados apresentam baixo índice de falhas, graças à alta qualidade dos componentes. Entretanto, o manual atual não considera todas as particularidades do setor, tornando fundamental o desenvolvimento conjunto de normas entre associações técnicas”, explicou Sennour.
O novo código irá regular aspectos como flexibilidade, protensão, torsão, consolos, extremidades entalhadas (notched ends), regiões de apoio e disposições sísmicas. Também trará informações sobre paredes de cisalhamento intermediárias, ligações viga-coluna e diafragmas pré-moldados — essenciais para a distribuição de cargas sísmicas. A previsão é de que o novo código entre em vigor em 2027, sem incluir, inicialmente, normas para pós-tensionamento, que possui norma própria.
De acordo com Sennour, a próxima norma AC-PCI-139-33 prevê ser lançada em 2033, incluindo outras informações e trazendo ainda mais avanços técnicos e maior segurança para o setor de pré-fabricados nos Estados Unidos.