Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 36 - dezembro de 2025

DE OLHO NO SETOR

Seminário da Abcic e fib no 66º Congresso Brasileiro do Concreto reforça a importância da sustentabilidade e da tecnologia para a engenharia global

Estruturas contra incêndio
O engenheiro György Balázs, professor na Universidade de Tecnologia e Economia de Budapeste, tratou do comportamento e projeto em situações de incêndio, mencionando que existem diversos estudos sobre o tema, como os boletins da fib e o Model Code 2020, e testes com temperatura de até 1.000 °C, para avaliar a resistência de vigas, lajes e painéis durante incêndios.
Em testes a 200 °C, não foi observada redução significativa dos módulos de elasticidade, embora tenham ocorrido mudanças de deformação. Já a presença de água ou o aumento de pressão interna, especialmente em túneis, pode favorecer rupturas superficiais e acelerar o colapso. “Como engenheiros, temos a obrigação de proteger nossas estruturas contra incêndios e suas consequências, ou seja, conseguir preparar as estruturas para resistirem um tempo até o colapso”, comentou Balázs.
O comportamento do concreto varia conforme o tipo de fibra empregada, segundo o professor. As fibras poliméricas, por exemplo, requerem proteção adicional em edifícios, enquanto fibras de aço apresentam eficiência superior na resistência ao fogo e na coesão entre aço e concreto. “Estamos desenvolvendo um sistema com fibra de carbono para fortalecer o material sem comprometer a segurança em altas temperaturas”, contou.
Em sua palestra, Balázs trouxe diversos cases para ilustrar a necessidade de proteger as estruturas em caso de incêndios, como em 1985, em Budapeste, quando uma viga de 18 metros sofreu deformação de meio metro antes do colapso, demonstrando a importância do reforço com barras de aço. Em túnel suíço, o aumento de temperatura e alterações na carga reduziram o fator de segurança, resultando em falha estrutural. Incidentes como o incêndio em Dubai, em 2016, evidenciam como eventos aparentemente pequenos podem causar grandes prejuízos e exigir o fechamento de edificações por anos.
De acordo com o professor, a deterioração dos materiais, as mudanças nas propriedades estruturais e o acúmulo de deformações são fatores críticos. “Quanto mais distante do foco do incêndio, maiores podem ser as deformações, pois a temperatura se propaga pelas camadas da estrutura. A ventilação inadequada pode potencializar o incêndio, ressaltando a necessidade de cuidados específicos em projetos de segurança”, acrescentou. 
Tecnologias como tomografias computadorizadas já são utilizadas para identificar corrosão interna ou necessidade de remoção de concreto após incêndios. “A alta temperatura afeta o comportamento do estresse no concreto, exigindo atenção especial a elementos sensíveis”, ponderou Balázs.

Concreto com fibras e normas

Na sequência, os engenheiros Ligia Doniak e Marcelo Waimberg, da EGT Engenharia, fizeram uma análise de força cortante em vigas protendidas sem estribo, com concreto com fibras, com base em ensaios disponíveis na literatura, em comparação com normas internacionais e com o futuro boletim de pontes pré-moldadas em UHPC da fib, respectivamente. 
O concreto de alto desempenho tem-se mostrado cada vez mais promissor na construção de pontes. “A viabilidade dessas aplicações depende, sobretudo, de uma avaliação precisa da resistência ao cisalhamento, especialmente em elementos protendidos e sem estribos”, avaliou Ligia, que acrescentou que vigas de concreto pré-moldado protendido para pontes rodoviárias podem ser mais economicamente atrativas do que pontes de concreto convencional. 

Ligia Doniak: "A viabilidade do concreto de alto desempenho depende, sobretudo, de uma avaliação precisa da resistência ao cisalhamento, especialmente em elementos protendidos e sem estribos."

A engenheira desenvolveu um banco de dados detalhado, reunindo informações de ensaios realizados com vigas protendidas de concreto reforçado com fibras de aço. Vale destacar que, em todos os casos analisados, não foi observado esforço transversal significativo, o que reforça o potencial do material para determinadas aplicações. O banco de dados também incorporou estudos específicos sobre pontes, servindo de ponto de partida para futuras pesquisas.
Segundo Ligia, a estrutura do banco de dados segue critérios rigorosos. Na primeira planilha constam dados sobre os testes realizados e as características do concreto reforçado por fibras, como a quantidade de fibras, o tamanho dos agregados e a força nominal. Essa organização acompanha a nomenclatura adotada e as eventuais mudanças ao longo do estudo. A segunda planilha traz informações mistas, cruzando resultados de concreto tradicional e reforçado por fibras, permitindo uma avaliação mais ampla dos resultados, que são consolidados na última planilha. Os principais códigos analisados incluem o Eurocode, os Model Codes 2010 e 2020 e a norma espanhola.

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