ABCIC EM AÇÃO 2
Semínario Internacional da Abcic trouxe um conteúdo técnico e qualificado e possibilitou ainda o networking entre os participantes
Projeto com o pré-fabricado em empreendimentos de elevada altura: desafios e oportunidades
A programação do Seminário Internacional da Abcic contou com a participação dos engenheiros de estruturas, envolvidos com a versão em português do Boletim 101, que trouxeram seu conhecimento no painel “Projetistas de Estruturas”.
Augusto Pedreira de Freitas (Pedreira Ônix e coordenador da ABNT NBR 16475), Carlos Melo (CMA Engenharia e coordenador da ABNT NBR 9062), Fernando Stucchi (EGT Engenharia e head da Delegação Brasileira junto à fib), Francisco Graziano (Pasqua & Graziano), José Carlos do Amaral (ZMC Consultores), Marcelo Melo (Casagrande Engenharia e fibNational Young Members Group) e Ricardo França (França &Associados Projetos Estruturais), avaliaram as oportunidades e desafios da pré-fabricação de concreto em edifícios altos, do ponto de vista de projeto estrutural, mediante às questões de escassez de mão de obra e neutralidade de carbono. Íria e o engenheiro Luís André Tomazoni, diretor técnico da Abcic, mediaram o painel.
Na primeira apresentação, o engenheiro Augusto Pedreira de Freitas reiterou que a mão de obra é um problema no setor residencial, tanto na execução da obra, mas também na área de projeto. “Há poucos engenheiros no mercado projetando pré-fabricado para o residencial. Precisamos de mais profissionais, de novos projetistas de estruturas”, alertou.
Com a norma de painéis, Freitas acreditava que haveria um crescimento no número de profissionais atuando para realizar projetos nessa área. Entretanto, não foi o que aconteceu. “Eu quero que tenha mais pessoas trabalhando nessa área, sofrendo junto comigo para que o mercado possa evoluir”, desabafou. Em sua opinião, os softwares estão cada vez mais avançados e a ABNT NBR 16475 contribui muito para se projetar de forma correta, além do lançamento da versão em português do Boletim 101, que traz muitas informações. “Não é por falta de material técnico que não podemos ter mais projetistas”, pontuou.
Ele ponderou que os projetos residenciais parecem simples, mas não são, devido ao detalhamento necessário para a obra. Mencionou ainda sobre o desafio das instalações, a importância da interação com o projeto de arquitetura e a área de instalações, e a complexidade crescente para a fabricação dos painéis.
Na sequência, o engenheiro Carlos Melo asseverou que a ABNT NBR 9062 está preparada para fazer projetos de edifícios altos, por abordar temas sensíveis, como a questão do incêndio. “O mercado técnico evoluiu muito e temos um corpo de especialistas para fazer as revisões da norma. Mas, sempre podemos aprimorar o que já foi feito. Está em nossas mãos”, explanou.
Em relação a falta de mão de obra, Melo elucidou que, mesmo havendo um viés forte para a industrialização, é preciso capacitar mais projetistas para o uso do pré-fabricado de concreto. Para suprir a escassez de profissionais em fábrica, por exemplo, é preciso mais automação e para se ter projetos voltados para serem executados nas indústrias por robôs, a qualidade de projeto precisa ser aprimorada, e a qualidade é cobrada pelos contratantes.
Abordou ainda que a geração mais antiga tem uma maior visão da parte conceitual e concepção do projeto, enquanto a nova geração mexe bem nos softwares, mas precisa estar unida à experiência sobre como projetar. “Por isso, é fundamental valorizar projetistas com expertise na área e qualificar bem a contratação do projeto, assim como ter uma etapa entre o projeto básico e executivo”, resumiu.
Acompanhando a avaliação de Melo, o engenheiro Fernando Stucchi destacou que é preciso conversar com as universidades sobre a necessidade de se ter engenheiros com experiência em projetos, o que significa oferecer aos alunos a oportunidade de aprender com aqueles que estão há mais tempo no mercado. “Precisamos nos unir nesse objetivo”.
Para demostrar a aplicação do pré-fabricado de concreto em empreendimentos de elevada altura, o engenheiro Fernando Stucchi trouxe os exemplos das arenas esportivas, que possuem múltiplos pavimentos e foram projetados com o sistema construtivo. Os cases trazidos por ele foram a Arena Grêmio, Arena Corinthians e Arena Recife.
“Quando se projeta um estádio, é preciso ter em mente que a estrutura precisa suportar uma festa de rock, devido a movimentação da torcida. Por isso, é preciso fazer ligações muito boas para continuidade da estrutura e monolitismo”, esclareceu Stucchi, que reforçou que algumas estruturas foram criadas para atender as demandas dessas arenas e só poderiam ser executadas em fábricas. No caso da Arena Grêmio, contou que os degraus precisavam ficar chumbados na viga jacaré, enquanto na Arena Corinthians, as emendas acompanharam de forma precisa as estruturas, não apresentando problemas.