DE OLHO NO SETOR
Promovido pela Cátedra Construindo o Amanhã, o evento mostrou ainda a importância da pré-fabricação de concreto para o movimento em busca de neutralidade das emissões e a contribuição do setor para o desenvolvimento de materiais ecoeficientes
Tecnologia em aço e a pré-fabricação de concreto
A pré-fabricação de concreto também foi destaque no Seminário Internacional Construindo o Amanhã, por meio da apresentação de Wander Silva, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Precon, associada da Abcic, e do professor Sebastião Salvador Real Pereira, professor da Universidade Federal de Minas Gerais, que trataram do case do viaduto para transposição da Via expressa e acesso ao Estádio Arena MRV, que teve desafios no projeto, planejamento e logística. O vão de 41 m, com limitação de altura da viga e montagem rápida, com menor interferência possível na via, foi vencido com adoção de megavigas pré-fabricadas de concreto, com comprimento de 41 m, altura de 1,80 m e peso de 80 ton, que foram produzidas, transportadas e montadas, com sucesso, em uma operação precedida de muito estudo e planejamento.
O estudo detalhado do projeto da viga, com limitação de altura e peso para permitir o transporte e montagem foi decisivo para viabilizar a solução. Uma das alternativas para viabilizar esta solução foi a adoção do aço de alta resistência, CA50-AR, nas barras principais de armadura, combinadas a armadura protendida. “A utilização do aço de alta resistência possibilitou reduzir o número de barras da armadura e cabos de protensão, a fim de possibilitar sua acomodação na mesa inferior da viga. Sendo o dimensionamento dominado pelo ELU de resistência a flexão, esta alternativa foi viável. A adoção desta solução possibilitou a redução do número de cordoalhas, melhor distribuição e espaçamento, redução da taxa de aço, facilidade de montagem da armadura, maior facilidade na passagem dos cabos e concretagem, contribuindo para o aumento da produtividade”, explicou Silva.
Segundo o engenheiro, esse aço de maior resistência tem se mostrado mais adequado às peças mais carregadas com maior concentração de armaduras. Em alguns casos de obras ou peças mais "pesadas", com maiores taxas de armaduras, possibilita um potencial de redução na taxa de aço. Com isso, o resultado é de menor concentração de barras, diminuindo o número de camadas, facilitando a aplicação do concreto, agilizando a concretagem, minimizando problemas de falhas de concretagem, além do ganho de produtividade e redução dos custos.
“Aliado ao concreto de alto desempenho, esse aço pode resultar em peças mais esbeltas, mais leves e em alguns casos até mesmo viabilizar a fabricação, no caso de peças onde a alta concentração de barras seria um impeditivo. É uma solução que combina alta performance e potencial redução de custos, através da menor taxa de utilização dos insumos diretos e indiretos, com importantes ganhos de produtividade e sustentabilidade”, ponderou Silva.
Atualmente, as novas tecnologias construtivas são necessárias para acelerar as construções, reduzindo etapas, diminuindo o desperdício e elevando a qualidade final. Na avaliação de Silva, a estrutura pré-fabricada representa uma industrialização concreta da construção civil, pois permite produção em série e padronizada. “A criteriosa seleção de matéria prima e a produção em processos industrializados e controlados, com atendimento as normas técnicas, resultam em desempenho garantido”, pontuou.
Sustentabilidade
Em relação à sustentabilidade, Luís Filipe Araújo, da ArcelorMittal, afirmou que a pré-fabricação é uma parte essencial dessa discussão já que oferece um sistema construtivo bastante limpo e otimizado às obras. “Nas últimas décadas, os sistemas industrializados de concreto evoluíram significativamente no Brasil, utilizando cada vez mais tecnologias de ponta em termos de materiais e equipamentos. Dessa forma, esse tipo de construção off-site permite reduzir desperdícios, prazos e risco de acidentes em obras, todos conceitos que estão alinhados à pauta ESG”.