ABCIC EM AÇÃO
Evento promovido pela ABCIC, em Florianópolis, contou com a participação de especialistas e um público de cerca de 100 profissionais da construção civil
Palestras técnico-comerciais
A programação do Seminário Abcic contou ainda com palestras técnicas promovidas por três especialistas de empresas patrocinadoras do evento: ArcelorMittal, GCP e MC-Bauchemie. A engenharia Mery Alissan da Silva Correa, da ArcelorMittal, contou a história da protensão no mundo, cujas primeiras técnicas apareceram no século 19 e cujo método evoluiu a partir de estudos sobre durabilidade do aço e seu comportamento junto ao concreto. No Brasil, as técnicas evoluíram conforme as necessidades, havendo demanda por aços de melhor qualidade a partir da década de 70.
As cordoalhas engraxadas são usadas pela indústria de pré-fabricados para vencer grandes vãos e a protensão é feita dentro das fábricas e depois as peças são transportadas para a obra. Outra técnica utilizada pelo setor é pós-tensão depois do carregamento em peças. Segundo Mery, a evolução de vãos acompanha o avanço no aço, surgindo fios de 4 mm, 5mm e 6 mm. “E, alguns aspectos da evolução na tecnologia do aço beneficiam a pré-fabricação de maneira direta”, avaliou.
Mery apresentou um estudo de caso sobre a cordoalha CP-210, que é uma evolução da cordoalha CP-190. “As cordoalhas mais modernas (CP-210) garantem resistência 10,5% maior e obras 9,5% mais leves. A matéria-prima é melhor, com alto teor de carbono, e a tecnologia metalúrgica empregada passa por um processo a mais, sendo mais longo”.
Em relação à relaxação, não há diferença entre as duas cordoalhas. No entanto, a CP-210, afirma Mery, apresenta mais vantagens para a indústria de pré-fabricado de concreto, como um menor número de cordoalha por peça, mais facilidade de colocação das cordoalhas, menor custo de mão de obra, diminuição do custo total, menor peso da estrutura, além de viabilizar maiores vãos e estruturas mais enxutas e a possibilidade de inserção de mais carga na camada inferior e ter a vantagem do aço de alavanca. Entre as obras que utilizam a nova cordoalha estão a duplicação do Elevado do novo Joá e a passarela de pedestres da BR-116, no Rio de Janeiro.
O engenheiro Rogério Venâncio, gerente técnico para América Latina da GCP Applied Technologies, falou sobre os aditivos especiais para produção de concretos com alta fluidez e robustez operacionais. “É possível trabalhar tanto em situações de baixa como alta fluidez de concreto, mas com desafios específicos. Com baixa fluidez, por exemplo, é necessário maior intensidade de vibração, há problemas de ergonomia e é preciso empregar mais mão de obra”, explicou.
De acordo com Venâncio, atualmente, a tendência é o uso de concreto com alta fluidez, porém, alguns cuidados ainda estão presentes: uso de aditivos especiais, necessidade de maior uso de cimento e maior risco de segregação. “Outras situações, como no uso de concreto auto adensável ou ultra resistente, exigem cuidados específicos, como controle tecnológico mais eficiente”, disse. Os novos aditivos para produção de concretos fluidos com alta robustez possuem alta estabilidade mesmo com baixo consumo de cimento, maiores resistências iniciais, e menor custo comparado com os CAA’s.
Venâncio ainda falou sobre o Control Flow Concrete (CFC), intermediário entre o concreto convencional e o auto adensável. “O Control Flow Concrete (CFC) é, portanto, um concreto convencional com alta fluidez. Não é um concreto auto adensável de baixa fluidez. No CFC não há problemas de fuga do concreto, como no auto adensável, ou seja, é mais fácil de controlar uma vez iniciado o movimento. Não esperamos que o CFC vá substituir o auto adensável, mas, trata-se de indicar uma alternativa de concreto com alta fluidez e pouco consumo de cimento, prezando, portanto, pela sustentabilidade”.
O engenheiro Jefferson Bruschi, gerente do segmento de pré-fabricados da MC-Bauchemie, mostrou como aumentar a produtividade na construção industrializada de concreto, por meio de três variáveis: layout de planta, utilização da tecnologia do concreto autoadensável e resistências iniciais. “É sempre importante pensar na cadeia de valor, o que é preciso para termos um concreto autoadensável com qualidade. Isso significa que precisamos ter fornecedores de cimento e agregados constantes. De nada adianta termos hoje um lote fantástico e amanhã vier um lote inadequado ou ainda ele não chegar”.