Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 36 - dezembro de 2025

INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

Prêmio Obra do Ano 2025: uma homenagem à sustentabilidade, ousadia, versatilidade e estética do pré-fabricado de concreto

Para a montagem das peças, um guindaste de 300 toneladas ocupou toda a rua de acesso ao parque aquático, necessitando de sua interdição temporária, sendo utilizado para a montagem dos pilares, das vigas e das escadas


“Este é um projeto bastante incomum para o nosso setor e, por isso, já se destaca por sua singularidade. Conseguimos executá-la, superando um dos nossos maiores desafios: o prazo construtivo. Tínhamos uma solicitação de executá-lo em apenas 90 dias, com 30 dias para cada fase: projeto, fabricação e montagem. A etapa de elaboração do projeto, no entanto, se estendeu um pouco mais, chegando a 45 dias, pois foi preciso compatibilizar os projetos (do brinquedo e do estrutural) nos mínimos detalhes, com especial atenção ao posicionamento dos pontos de fixação da estrutura metálica”, conta Aquiles Ponte, diretor da T&A Pré-Fabricados, indústria responsável pelo fornecimento do pré-fabricado. O projeto estrutural é do engenheiro Sérgio Otoch, da Sérgio Otoch Projetos Estruturais.

Obra do Ano Pequenas Obras: 

MasterBlaster - Surreal

Localização: Fortaleza, Ceará
Área construída: 971 m²
Construtora: Diagonal Incorporadora
Início da obra: Agosto de 2024
Término da obra: Novembro de 2025
Projeto Estrutural: Sergio Otoch (Sergio Otoch Projetos Estruturais)
Empresa pré-fabricadora: T&A Pré-Fabricado
Volume de concreto pré-fabricado: 436,59 m³



O projeto arquitetônico do brinquedo foi realizado por uma empresa canadense, o que demandou mais tempo do que o previsto para adaptação e revisão. “Durante a fase de projeto, por exemplo, foi necessário modelar em 3D todo o brinquedo; assim, tivemos a visualização e o posicionamento precisos de todos os elementos estruturais, como pilares, vigas e consoles, antes da fabricação. Pudemos definir com exatidão milimétrica, previamente, as posições dos inserts metálicos e assegurarmos o nível correto dos consoles”, explica Ponte.
Para compensar o tempo adicional investido na modelagem e compatibilização, a T&A ampliou o número de fôrmas durante o processo de fabricação e adotou jornadas duplas nas fases de fabricação e montagem. Segundo Ponte, a preferência por gastar mais tempo na etapa de projeto resultou em maior segurança e qualidade da montanha-russa, cujas cargas dinâmicas dos vagões e da água exigiam uma modelagem estrutural especial.
Outro destaque do projeto é que, em sua concepção inicial, a edificação previa pilares circulares moldados in loco, que receberiam inserts metálicos destinados ao apoio dos braços das fibras do brinquedo, os quais seriam fixados posteriormente, por meio de chumbadores químicos. Entretanto, devido à restrição de tempo, iniciou-se um estudo para converter o sistema construtivo para o modelo pré-fabricado.
Com essa modificação, de acordo com Ponte, os pilares passaram a ter seção retangular e consoles para o apoio direto dos braços do brinquedo. Essa mudança não só otimizou o tempo de construção, como também trouxe ganhos significativos em todas as etapas subsequentes. A eliminação da necessidade de perfurar os pilares para a instalação dos inserts com chumbadores químicos resultou em redução expressiva do tempo de execução e aumento da precisão dimensional.
Para a montagem das peças, um guindaste de 300 toneladas ocupou toda a rua de acesso ao parque aquático, necessitando de sua interdição temporária, sendo utilizado para a montagem dos pilares, das vigas e das escadas. “Na torre da escada, foi preciso um plano de ataque diferente, também do convencional. Para conferir estabilidade à estrutura, antes da montagem das escadas, foi necessário solidarizar os negativos das vigas. A construtora foi responsável por esse serviço e tínhamos apenas meio dia para executá-lo, pois, assim, no restante do dia podíamos realizar a montagem dos lances de escada. Houve uma sincronia perfeita que evitou falhas no cronograma e conferiu maior segurança à obra”, detalhou Ponte. 
Na avaliação do diretor da T&A, a execução da estrutura do Surreal não poderia ter outra tecnologia construtiva senão o pré-fabricado de concreto para conceder maior eficiência e segurança à obra, além de ser a alternativa mais indicada em termos de durabilidade e economia com manutenção pós-obra, visto que o concreto é altamente resistente para construções litorâneas como o Surreal, localizado na beira do mar de uma das regiões de maior agressividade marinha do mundo.
“O sistema não só garantiu a otimização do tempo de construção, como também concedeu outros benefícios técnicos significativos à atração: montagem com menos mão-de-obra no local, minimizando riscos de acidentes em um trecho do parque aquático Beach Park; produção simultânea dos componentes estruturais com outras etapas da obra, acelerando sua execução; e ainda uma qualidade superior da estrutura. Isso, sem contar o ganho ambiental, com a geração de menos resíduos e a utilização de materiais de forma mais eficiente, em um canteiro localizado em trecho litorâneo tão especial quanto o Parque das Dunas, no Ceará”, saliente Ponte.
 A menção honrosa da categoria Pequenas Obras foi para o edifício COI PPP11, que faz parte do Complexo Júlio Prestes, uma parceria público-privada habitacional, implantada na ambiência do Centro Histórico de São Paulo, destinado a abrigar habitações de interesse social e de mercado popular, beneficiando famílias e qualificando a região conhecida como “cracolândia”. Todo o empreendimento foi idealizado e desenvolvido pelo escritório Biselli Katchborian Arquitetos. 

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